28/05/2021 - 9:30

Existe um Brasil que, felizmente, teima em dar certo — apesar das eternas mazelas e erros na vida política e econômica do País e o completo desdém das autoridades pelo campo esportivo. E se esse Brasil, o que vai de vento em popa, existe, é porque também existem bons brasileiros. Um deles se chama Gabriel Medina: é paulista, tem 33 anos, e parece ter nascido com o dom de colecionar títulos. Na Austrália (madrugada da terça-feira 25 no Brasil), ele se sagrou o grande campeão da etapa de Rottnest Search, que integra o circuito mundial de surfe. O título foi ganho na final quando ele derrotou o australiano Morgan Cibilic. O brasileiro nem teve de recorrer aos seus espantosos e repetidos “aéreos” — bastaram-lhe dois, em duas “ondas boas”, e somou 15,50 pontos contra somente 7,87 do adversário. Medina é bicampeão mundial. Com essa vitória disparou ainda mais na liderança do ranking: está com 38.920 pontos, cerca de oito mil a mais que o segundo colocado, o também brasileiro Ítalo Ferreira. Ambos devem representar o Brasil nas Olimpíadas — atualmente, o surfe brasileiro é o esporte que mais tem orgulhado o País no exterior.
Longe de um mar de rosas

Gabriel Medina rasga o coração: “eu nem queria ter vindo para cá, na Austrália, esse ano. Estou muito triste. A Yasmin é que me incentivou”. Gabriel é casado com Yasmim Brunet. Se ela é incentivo no esporte, estaria sendo também, involuntariamente, epicentro de uma crise familiar. Nessa etapa do torneio, na Austrália, pela primeira vez Gabriel não foi treinado pelo padrasto, Charles Saldanha. Nos bastidores, há comentários de que a vida do casal e de toda a família não é um mar de rosas: o motivo da infelicidade de Medina seriam os temperamentos controladores de sua mãe, Simone, e de sua esposa, gerando constantes brigas entre elas.
A escolha de Gabriel
Gabriel optou pela mulher e cortou as relações com a mãe, Simone. No Instagram, ela se colocou somente como mãe da irmã de Gabriel, a também surfista Sophia
LIVROS
Aulas de cultura nas cartas de Antonio Candido


Cartas trocadas entre grandes intelectuais é um dos mais eficientes e nobres métodos para se estudar as suas atividades culturais e acadêmicas. Revelam sobre quais temas os autores das missivas estavam refletindo no exato instante em que as escreveram. Abre-se, assim, um vasto campo de conhecimento. Nesse sentido, há uma obra-prima no mercado. Trata-se do livro “Antonio Candido — Mestre da Cortesia” (editora Imprensa Oficial). Reúne cartas de Candido, sociólogo, escritor e crítico literário, ao também crítico e tradutor Cláudio Giordano. Se uma linha escrita por Antonio Candido deve ser guardada para posteridade, o que se dirá das correspondências. Destaca-se a de 25 de abril de 2005: ele dá uma aula a respeito da famosa “história das formigas, com o texto de Vicente Themudo Lessa”. E ensina: “conheci-a na infância num dos livros de crônicas histórias de Viriato Correia (…)”. Destaque, ainda, para o que se aprende sobre o não “reconhecido à altura” Francisco Escobar: “muito culto, mas ao que eu saiba não deixou escritos além de cartas”. Eis aí a importância delas. A edição do livro é elegante e primorosa.
MEIO AMBIENTE
Desmatamento na Mata Atlântica aumenta 400%

Um dos principais biomas do Brasil, a Mata Atlântica, está, infelizmente, sendo cada vez mais devastado. Entre 2019 e 2020, a floresta, segundo a ONG SOS Mata Atlântica, perdeu uma área que equivale a dezoito mil campos de futebol — aumento de 400% em relação aos anos anteriores. “O grande problema é a falta de governança e fiscalização”, disse o diretor da SOS Mata Atlântica, Luis Fernando Guedes Pinto. “Há uma consequência quando o governo federal dá sinais de que se pode desmatar”. Para o pesquisador Bernardo Strassburg, “quase toda a sua área original foi perdida”. A atenção que o bioma recebe de especialistas e ambientalistas tem um motivo. A Mata Atlântica abriga vinte mil diferentes tipos de plantas e cerca de mil e trezentas espécies de animais.