24/09/2021 - 9:30
Um Rio de Janeiro sem sol, praias ou lindas paisagens. Dirigido e produzido por Daniel Filho, o thriller “O Silêncio da Chuva” mostra a cidade maravilhosa sob o prisma do delegado Espinosa, carismático protagonista dos romances de Luiz Alfredo Garcia-Rosa. Interpretado por Lázaro Ramos, o policial se vê em meio a um mistério que envolve a morte do empresário Ricardo (Guilherme Fontes), encontrado baleado em seu carro com uma mala de dinheiro. A partir do crime, segue-se uma busca aos beneficiários de sua apólice de seguros e, como consequência, há outras vítimas fatais. Apesar da boa atuação de Lázaro, quem rouba a cena é a investigadora Daia (Thalita Carauta), divertidíssima no papel de assistente — e confidente sexual — de Espinosa. Seu papel rendeu à atriz um prêmio no BRICS Film Festival, na Rússia. O elenco traz ainda Otávio Muller e Cláudia Abreu, ótima como a viúva sensual que não está nem aí com a morte do marido. Publicado em 1996, o livro teve sua história atualizada e o roteiro foi adaptado por Lusa Silvestre (“Estômago”) para os dias atuais. “O trabalho de atualização da trama é sensacional, principalmente no que diz respeito às mulheres”, afirma Lázaro Ramos. “É um enredo policial, mas que utiliza muito o humor.” Essa mistura deu origem a um ótimo filme noir – com sotaque bem carioca.

O rio pelas lentes de Daniel Filho
Conhecido por longa e bem sucedida carreira à frente de projetos na Globo e no cinema, Daniel Filho filma o Rio como ninguém. Em “O Silêncio da Chuva”, ele transpôs a história do boêmio bairro Peixoto, dos anos 1990, para a Urca dos dias de hoje. “O livro é uma inspiração, fizemos adaptações no roteiro. Muita coisa mudou em mais de 20 anos. A participação das mulheres na polícia, por exemplo”, explica o diretor. Daniel Filho tem afirmado que não “sonha mais em ganhar o Oscar”, mas seu novo filme mostra que o cineasta de 83 anos ainda tem fôlego para muitas enas no futuro.