27/10/2022 - 17:30
Anna May Wong pode ser chamada de “a mulher de 75 milhões de dólares”. Desde segunda-feira (24), a Casa da Moeda dos Estados Unidos está produzindo e distribuindo 300 milhões de moedas de 25 centavos de dólar com a efígie da atriz, a primeira mulher de origem asiática a aparecer numa moeda americana. Feita com uma liga metálica de cobre e níquel, a nova moeda faz parte do projeto American Women Quarters, que propõe a impressão de mulheres notáveis na história americana em moedas de 25 cents, as chamadas “quarters”. A forja da série começou em janeiro, quando foi cunhado o primeiro modelo, com a imagem da escritora e ativista Maya Angelou.
Filha de chineses, Anna May Wong (1905-1961) tem uma das carreiras mais peculiares do cinema. Conseguiu seu primeiro papel nas telas aos 14 anos, sem que as pessoas do meio cinematográfico dessem muita atenção a seu talento dramático, algo ainda sem tanta relevância no cinema mudo. Wong passou cinco anos em pequenos papeis, sendo preterida muitas vezes diante de uma atriz branca e de ascendência européia.
Cansada de hipocrisia, foi para a Europa no final dos anos 1920 e ganhou fama, trabalhando com grandes cineastas britânicos, franceses e alemães. Voltou aos EUA na eclosão eclodiu a Segunda Guerra Mundial, com status de estrela, e conquistou finalmente a fama em seu país. Fez séries de TV nos anos 1950 e morreu aos 56 anos, vítima de infarto fulminante.

Colecionadores podem ter em casa uma ou outra moeda com a imagem de uma atriz de Hollywood, como Doris Day ou Katharine Hepburn, mas são exemplares comemorativos. São moedas cunhadas em pequenas edições e que não circularam para os gastos do dia a dia. A moeda com Wong é um caso diferente.
Deverá passar de carteira em carteira por uns 20 anos, que costuma ser o tempo de vida de uma moeda no mercado americano. Depois desse tempo, a tendência é ser recolhida e trocada por mais novas. Só depois de muito mais tempo passará a ter um valor maior, virando um item de colecionador.
Já as moedas comemorativas agregam valor logo após o lançamento. É o caso da série recém-lançada no Reino Unido para comemorar os 25 anos da edição do primeiro livro de Harry Potter. Os fãs do bruxinho estão comprando praticamente todos os lotes colocados no mercado. Os especialistas em memorabília dão conta que já no próximo Natal essas moedas devem ser negociadas entre os fãs por preços substancialmente mais elevados.
O mercado das moedas especiais com temática pop está muito movimentado. Os 60 anos do primeiro filme de James Bond, 007 contra o Satânico Dr. No (1962) turbinaram as vendas de uma nova série de moedas do personagem, com exemplares recobertos com prata e detalhes pintados em preto.

E não é só o cinema que motiva essas homenagens monetárias. O Banco da Austrália anunciou na terça-feira (25) a impressão de moedas de um dólar australiano com a figura de Angus Young, o herói da guitarra da banda de rock pesado AC/DC. A moeda será lançada no começo de 2023 e tem uma das faces com aplicação de tinta preta sobre prata, simulando um dos lados de um disco de vinil.
Passando de moedas a notas, vários países já estamparam figuras pop em cédulas usadas no cotidiano. Carregar uma carteira recheada na Suécia é como ter um álbum de artistas no bolso. As cédulas de coroas suecas trazem celebridades, algumas desconhecidas fora do país, mas há estrelas globais como o cineasta Ingmar Bergman e a mítica atriz Greta Garbo. Na Holanda, a menina Anne Frank estampa notas de florins, com sua imagem conhecida mundialmente pelas capas das edições de seu diário beste-seller.

Às vezes, uma homenagem pode não ter o resultado esperado. No México, foi lançada uma nota de 500 pesos com as estampas do grande casal das artes do país, o muralista Diego Rivera e sua mulher, a pintora Frida Kahlo. Mas feministas se revoltaram e promoveram grande campanha contra a nota, pelo motivo de Rivera estar na face de frente da nota, relegando a imagem de Frida ao verso da cédula.