15/07/2022 - 9:30

Elvis, a nova cinebiografia que chega aos cinemas, confirma o dito popular: o rei do rock não apenas não morreu, como está mais vivo que nunca. Isso é mais que um jogo de palavras: a edição rápida, os efeitos especiais, o exagero nos trejeitos e maneirismos cinematográficos dão ao astro da música uma energia ainda maior, como se o ídolo que conhecemos há décadas estivesse ligado a uma tomada de 220 volts.
Para quem sabe do estilo do cineasta australiano Baz Luhrmann, isso não é novidade. Ele já havia mostrado seu gosto visual alucinante em Moulin Rouge – Amor em Vermelho, O Grande Gatsby e em uma versão de Romeu e Julieta estrelada por Leonardo DiCaprio. Com Elvis, personagem que já era exagerado em todos os sentidos, sua montagem beira o rococó. Além da overdose de imagens rápidas durante as quase três horas de duração, os melhores momentos são os musicais e as cenas que valorizam as atuações de Austin Butler (Elvis) e Tom Hanks (Coronel Tom Parker). Há ali uma relação complicada, que Luhrmann capta com extrema sensibilidade: o empresário da maior estrela do rock é uma figura paternal e, ao mesmo, o vilão do longa. O diretor pena, mas acerta em cheio nesse equilíbrio – sem maniqueísmos nem hipocrisia.
Apesar de todo o seu sucesso, sempre pairou sobre Elvis a ideia de que ele havia se apropriado da música dos negros. O filme respeita isso, mas subverte o conceito: o cantor nascido em Memphis, Tennessee, teria incorporado o estilo da comunidade não por oportunismo, mas por amor àquela cultura. Sejamos justos: por mais que ele tenha sido influenciado pelos grandes nomes do blues, sua fama veio quando descobriu que as pessoas queriam ouvi-lo, mas também desejavam vê-lo dançando no palco. Na careta década de 1950, essa explosão de sexualidade o levou ao topo – infelizmente foi essa mesma intensidade que o derrubou.