12/08/2022 - 9:30
O ex-guerrilheiro e ex-senador de 62 anos Gustavo Petro é o novo presidente da Colômbia — o primeiro de esquerda na história do país. Assumiu o poder no final da semana passada entre o pragmatismo e a literatura: “hoje começa a Colômbia do possível (…). Estamos aqui contra todos os prognósticos, contra uma história que dizia que nunca íamos governar (…)”, declarou o mandatário, em referência a uma passagem do clássico Cem Anos de Solidão, do escritor Gabriel García Márquez. Se Petro também governará na solidão dependerá somente dele. O tempo vem demonstrando que países que elegeram ex-integrantes de guerrilhas não foram felizes em seu futuro porque os eleitos não substituem o radical ideário da luta na selva por programas democráticos de governo — mais uma prova é que Petro, na segunda-feira 8, em seu primeiro dia útil no cargo, fez da caneta fuzil: enviou ao Congresso um projeto de reforma tributária “aumentando a carga fiscal sobre os colombianos mais ricos” e cortando drasticamente os benefícios fiscais às empresas. Garantiu (talvez essa seja a Colômbia do impossível, ao contrário do discurso de posse) que selará a paz com os guerrilheiros comunistas, renitentes e anacrônicos das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
O real e o irreal
“Hoje começa a Colômbia do possível (…). Estamos aqui contra todos os prognósticos, contra uma história que dizia que nunca íamos governar (…) “ Trecho de Cem Anos De Solidão, de Gabriel García Márquez, citado na posse
EUA
Nada a comemorar, mister Biden

A aprovação pelo Senado norte-americano do pacote socioambiental e fiscal proposto pela Casa Branca está longe de sinalizar uma vitória do presidente Joe Biden. Primeiro: os US$ 437 bilhões que passaram são uma ínfima fração do que o presidente pretendia. Segundo: a votação estava empatada em cinquenta votos favoráveis e contrários, mostrando o Senado fielmente dividido entrem democratas e republicanos. Coube a Kamala Harris dar o voto vencedor – seria loucura se não o fizesse, em se tratando da vice-presente do país. Não é nada confortável, portanto, a situação de Biden a três meses das eleições legislativas. O projeto deverá ser votado na Câmara nessa sexta-feira 12. O que estará em jogo é a aprovação à gestão de Biden.
US$ 369 bilhões serão destinados a combater a crise ambiental e reduzir o preço de medicações com retenção de receita
INVESTIGAÇÃO
Os efeitos do FBI na casa de Donald Trump


Na semana passada, nos EUA, fanáticos conservadores que são adeptos do autoritário Donald Trump chegaram
ao ponto de ebulição. Motivo: agentes do FBI, com a finalidade de busca e apreensão, ingressaram na mansão do ex-presidente, em Mar-a-Lago, na Flórida. Ele não estava na residência. Trump foi o mais arbitrário, o mais insano, o mais tosco e o mais brutal mandatário que o país já teve. O problema da presença da polícia em sua casa é que, até a quinta-feira 11, o FBI não havia se manifestado oficialmente sobre o motivo da operação. Sabe-se que Trump carregou consigo, quando deixou a Casa Branca, caixas com documentos oficiais e sigilosos que, segundo a lei, teriam de ser depositados no Arquivo Nacional. Segundo advogados do ex-presidente, o FBI teria apreendido agora quinze dessas caixas. O que é preciso, no entanto, é que o Departamento de Justiça apresente claramente as razões da busca. Até a democrata Nancy Pelosi, presidente da Câmara que deseja ver Trump preso, manifestou-se nesse sentido: “ninguém está acima da lei (…). Mas para uma visita como essa da polícia é preciso um mandado e, para se ter o mandado, é necessária uma justificativa”. Christina Bobb, uma das advogadas de Trump que estava na casa, disse à imprensa que um policial comentara que a operação devia-se a documentos confidenciais. Combater os atos criminosos de Trump é fundamental, mas não pode o FBI cometer deslizes. O menor erro servirá de munição para os conservadores atacarem Joe Biden.
