24/01/2020 - 9:30
Em 1997, a cidade do Rio de Janeiro testemunhava uma intensificação do número de sequestros. Em “Sequestrolândia”, ocorriam onze por mês em média, o que apavorava a população e o governo. Os policiais não eram capacitados para negociar com os bandidos, mesmo que pertencessem à DAS (Divisão Antissequestro). Eis aí o pano de fundo do drama policial “A divisão”, dirigido por Vicente Amorim, com criação e produção de José Júnior. O filme retrata o trabalho de um grupo de policiais para desbaratar o crime organizado. Liderados pelo delegado Mendonça (Silvio Guindane), os investigadores Santiago (Erom Cordeiro) e Roberta (Natalia Lage) enfrentam os bandidos para solucionar os crimes e acabar com a onda de sequestros. É a mesma situação da série homônima da Globoplay, em cinco episódios, criada por Junior. “O Rio de 23 anos atrás parece até romântico, se comparado aos do dia de hoje”, afirma. “A violência era grande, mas atualmente ela atingiu o paroxismo da guerra urbana.” Então como hoje, os limites entre crime e legalidade não tinham nitidez. Curiosamente, desde a onda de 1997, o número de sequestros caiu a zero. Isso porque, segundo Junior, o governo investiu em inteligência e tecnologia, porque o alvo era elite. Os demais crimes só fizeram crescer.

Itens de uma época
Muita coisa mudou de 1997 até hoje, da tecnologia às falas e gestos. A produção de “A divisão” se esmerou em restaurar peculiaridades que passam despercebidas. “É um filme de época”, diz José Junior (abaixo). “Recuperamos o jeito de falar, objetos e lugares.” A produção rodou o filme e a série na Favela Vila Vintém, na zona Oeste, que ficou intacta. Era na época em que os policiais trocavam documentos por fax, se tratavam por “Joe” e davam a mão aos traficantes. “Era o Rio pré-guerra civil”, diz Junior.