Um marco histórico que deixa para trás décadas de tentativas do mundo científico. Na terça-feira, 13, o Departamento de Energia dos Estados Unidos revelou que, pela primeira vez, conseguiu realizar uma fusão nuclear em que a energia produzida superou a energia consumida. A experiência de sucesso aconteceu no Laboratório Nacional Lawrence Livermore, na Califórnia, e é celebrada por significar fonte de energia ilimitada e limpa. No entanto, também dispara um alerta, pois pode ajudar a realização de testes de armas nucleares.

A fusão é uma reação nuclear em que dois núcleos atômicos se combinam para formar um núcleo mais pesado, liberando grandes quantidades de energia. “O Sol gera energia graças às reações de fusão que ocorrem continuamente no seu interior”, exemplifica Renato Semmler, professor de física da ESEG – Faculdade do Grupo Etapa. Dentro da estrela, dois isótopos do hidrogênio, o trítio e o deutério, se unem para a formação do hélio. Os americanos buscavam recriar isso e conseguiram usando os lasers da National Ignition Facility, no Livermore.

O experimento usou 2,05 megajoules de energia e coletou 3,15 megajoules. Em resumo: um ganho líquido de 53,6%. “Esse trabalho nos ajudará a resolver os problemas urgentes, como fornecer energia limpa para combater a mudança climática e manter uma dissuasão nuclear, sem fazer testes de bombas”, informou Jennifer Granholm, secretária de Energia dos EUA. O ânimo é compreensível quando se entende que a fusão não polui, ao contrário das energias com base em combustíveis fósseis. “A fusão nuclear não produz rejeitos radioativos. Não gera CO2”, explica Semmler. Isso é uma vantagem em relação à fissão, usada hoje por usinas nucleares.

O desafio é sustentar essa atividade, aumentar o ganho e fazê-lo de forma mais barata. O primeiro passo foi dado e a torcida agora é que não leve muito tempo para que seja usado em escala comercial, como em casas e carros.