Apesar de liderar na França as pesquisas de intenção de voto no primeiro turno para o pleito presidencial do ano que vem, Marine Le Pen, representante da extrema direita com o partido político Reunião Nacional, viu a sua nefasta ideologia perder identificação com os eleitores nas eleições regionais da semana passada. Tais eleições, em si, não são tão importantes, mas não deixam de operar feito sinalizadoras para o escrutínio nacional de 2022. Nessa linha de raciocínio, não apenas Le Pen, mas também a atuação dos políticos em geral anda em baixa junto à população francesa. O presidente do país, Emmanuel Macron, fundador do partido República em Marcha, também não foi prestigiado. Na contagem geral, 66,73% dos eleitores não votaram. Trata-se de um índice histórico de abstenção, superando o de 2015, que ficou na casa dos 50,9%. Mais marcante, no entanto, foi a derrocda de Le Pen. Considerava-se que o seu candidato, Thierry Mariani, sairia com uma vitória fenomenal na região Provença-Alpes-Côte d’Azur, próxima da fronteira com a Itália. A projeção não se realizou. Resultados preliminares apontavam que ele conseguira 33% dos votos, com apenas três pontos percentuais à frente do conservador Renaud Muselier, do partido Os Republicanos. Se Le Pen e sua ideologia de extrema direita seguirem em baixa, a Europa e o mundo agradecem.

“Basta ver os estragos que os líderes populistas causaram no Brasil, nos EUA ou na Inglaterra nesse quadro de crise sanitária. No Brasil, é uma terrível tragédia, com efeitos não somente para os valores democráticos, mas também para a vida das pessoas” Florent Brayard, codiretor de “Historicizar o mal”

Contra o genocida Hitler, a França usa a obra do genocida Hitler

Apesar de ser acertadamente contra o nazismo e o genocida Adolf Hitler, segue causando polêmica na França o livro “Historicizar o mal — uma edição crítica de ‘Minha luta’” (foto acima). Essa obra analisa profundamente o livro “Mein Kampf”, de Hitler, e aponta os erros, as mentiras intencionais e os absurdos nele cometidos pelo ditador nazista da Alemanha na Segunda Guerra Mundial. Mesmo assim, intelectuais democratas do país não acolheram com bom olhos a recem-lançada obra. O princípio é o seguinte: Hitler e seu “Mein Kampf” devem ser literalmente esquecidos.

VATICANO
O super-herói e o super papa

Esteve na semana passada na seção vip da plateia do Pátio San Damaso, no Vaticano, um dos mais representativos personagens de histórias em quadrinhos e do cinema: o Homem-Aranha. O famoso traje do herói vestia Martia Villardita, um artista do norte da Itália que se fantasia e atua como voluntário para minimizar nos hospitais o sofrimento de crianças enfermas. Em divertido encontro com o papa Francisco, Villardita foi abençoado e presenteou o pontífice com a máscara colorida de super-herói.

ESTADO DE DIREITO
Pela primeira vez, Justiça condena agente da ditadura militar

DIDA SAMPAIO/Michel Filho

Pela primeira vez um agente que integrou o aparato repressivo da ditadura militar foi condenado criminalmente. Trata-se do ex-delegado Carlos Alberto Augusto, amigo do falecido torturador e coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, ídolo do presidente Jair Bolsonaro. O policial teve pena fixada em dois anos e onze meses de prisão (regime semiaberto), em sentença dada pelo juiz federal Silvio César Arouk Gemaque, de São Paulo. Motivo da condenação: ele sequestrou o ex-fuzileiro naval Edgar Aquino Duarte, em 1971, que desapareceu dois anos depois, quando retirado do Dops. Duarte foi sequestrado e torturado logo após a detenção de José Anselmo dos Santos, o cabo Anselmo, líder da greve dos marinheiros em 1964 e que se tornaria um agente infiltrado da repressão. Duarte na época não militava, apenas abrigou Anselmo em sua casa. O Ministério Público vai recorrer da sentença na tentativa de aumentar a pena.