Na saúde – Jean Gorinchteyn 

Médico do Instituto de Infectologia de São Paulo – Emílio Ribas e do Hospital Albert Einstein, Jean Gorinchteyn também é professor da disciplina de Doenças Infecto Parasitárias do curso da Universidade de Mogi das Cruzes, onde se formou em 1992. Médico do Trabalho pelo Centro Universitário São Camilo, em 1999, é mestre em Doenças Infecciosas pela Coordenação dos Institutos de Pesquisa do Estado de São Paulo e doutorando em Neurociências pela Unifesp. Desde o ano passado, Gorinchteyn atua como embaixador do Instituto Trata Brasil, que presta apoio a ações pela universalização do saneamento. Aos 54 anos, fala da família como um porto seguro para ajudá-lo em momentos difíceis, que não foram poucos em sua passagem como secretário de Saúde do Estado de São Paulo. Casado com Felícia, tem quatro filhos: Marcelo, 27 anos; Erica, 26; Karina, 24; e Fernanda, 21. Corintiano, ele agrega à família o labrador Luizinho, de 5 anos.

Médico infectologista e clínico geral, Jean Gorinchteyn teve uma mudança radical em seu dia a dia em 2020, quando foi convidado pelo então governador João Doria para assumir a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. Ele substituiu José Henrique Germann Ferreira, afastado por recomendação médica. Cinco dias após tomar posse, a pandemia de Covid-19 atingiu o pico de sua primeira onda. Pressionado pelo avanço da doença, ele iniciou sua gestão que termina agora, na posse governador Tarcísio de Freitas. Fecha assim uma trajetória de muitos resultados positivos.

Seu sucesso também pode ser medido pelo reconhecimento popular nas ruas, que ainda o surpreende. “As pessoas na rua me chamam de Jean. Não é nem ‘doutor Jean’, é só Jean. A gente recebe esse tipo de descontração como um reconhecimento”, diz o médico. O ano de 2021 começou com arrefecimento de casos e mortes por Covid, com o relaxamento do uso de máscaras em espaços abertos, mas esse período animador foi seguido pela segunda onda da pandemia. “Em 15 dias, tínhamos a ocupação total de leitos. Ainda bem que a variante Ômicron foi a segunda onda, que encontrou a população mais vacinada, e as vacinas cumpriram seu papel. Se tivéssemos essa velocidade de contaminação na primeira onda, teríamos visto uma boa parte da população do planeta ser dizimada”, avalia.

Nos meses seguintes, a gestão da Secretaria demonstrou acertos importantes para evitar a superlotação de leitos e garantir oxigênio a todos os pacientes paulistas. “A vinda dessa variante obrigou a continuidade do uso da máscara, que só veio a cair no final de março, quando ampliamos a vacinação com doses de reforço e houve a possibilidade da retomada. Isso fez com que as atividades culturais, sociais e de lazer, além das profissionais, pudessem acontecer de forma presencial.”

“As pessoas na rua me chamam de Jean. Não é nem ‘doutor Jean’, é só Jean. A gente recebe esse tipo de descontração como um reconhecimento”

Antes que mostrasse a eficácia de decisões acertadas, ele passou por momentos ruins. Por exemplo, quando antecipou a uma repórter o anúncio de que as crianças não deveriam ir às escolas. “A escola não pode ser fechada, por causa de grupos que precisam de proteção social e recursos alimentares, mas eu disse que os pais que pudessem manter os filhos em casa deveriam fazer isso. Um grupo de mães protestou na porta da minha casa, foi um grande transtorno pessoal.”

Neste ano, o trabalho foi voltado a medidas que buscassem um pouco do chamado novo normal. Gorinchteyn acredita que seu sucessor, o médico Eleuses Paiva, assume com resultados muito bons de 2022. Ele explica que, em 2015, o país estava com ótimos índices de vacinação contra várias doenças, com 95% de cobertura. Hoje, são 73% para sarampo e 65% para poliomielite, números ruins. “Precisamos criar propagandas mais robustas e fazer cobranças intensas por parte das escolas. Elas já estão fazendo isso, cobrando as carteirinhas de vacinação, que são obrigatórias, mas não compulsórias. Os pais são convocados para regularizar a vacinação. Se não houver essa regularização, o Conselho Tutelar é acionando.”

É também destaque na gestão de Gorinchteyn a velocidade com que foi conseguida a regularização de cirurgias adiadas na pandemia. “Mais de 580 mil pessoas tiveram cirurgias retardadas pelo combate ao Covid. Em um grande mutirão, conseguimos levar quase 80% desse total aos procedimentos necessários. E os outros 20% estão com cirurgias agendadas”, relata o secretário. O câncer passou a ser um grande problema. “Muitos deixaram de fazer o diagnóstico e o acompanhamento, o medo da pandemia afastou os pacientes. Fizermos mutirões de exames, com os Corujões, nos horários de ociosidade da rede. Demos celeridade ao programa.”

Atuar na gestão pública parece ser irreversível na carreira de Gorinchteyn. “No Emilio Ribas, a gente sempre fez saúde publica. Como embaixador do Trata Brasil, a atenção é para água tratada, saneamento básico, a questão do lixo. O que mais me encanta é fazer prevenção, lidar com a assistência primária. Temos muito o que fazer para identificação precoce das doenças.” ‘
“Tenho recebido convites, estou analisando, mas vou continuar com minha vida de médico. Não abandonei o consultório nesses últimos anos.”