Todos já foram governadores ou senadores dos seus estados e políticos influentes em Brasília no passado, mas caíram em desgraça junto ao seu eleitorado após se envolverem em denúncias de corrupção. Foram rejeitados nas urnas. Agora, no entanto, ressurgem das cinzas e anunciam que serão candidatos a uma vaga na Câmara dos Deputados no ano que vem. É o caso de Fernando Pimentel e de Beto Richa, ex-governadores de Minas Gerais e Paraná, respectivamente, e de Eunício Oliveira, ex-presidente do Senado. Réu por corrupção e lavagem de dinheiro no STF, Romero Jucá, ex-senador por Roraima, é outro que deseja retornar. Já a ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney, que havia renunciado ao cargo para tratamento de saúde, agora quer voltar a ser deputada, cargo que ocupou há 30 anos.

Petistas

Outros petistas contra os quais pesam suspeitas de irregularidades também serão candidatos. É o caso do ex-senador Lindbergh Farias, acusado de receber propinas da Odebrecht, e do ex-prefeito de São Bernardo Luiz Marinho, suspeito de favorecer a OAS. Já o ex-senador Delcidio Amaral, cassado quando estava no PT, deverá ser candidato pelo PTB.

Filhos

Há também os que estão presos ou não podem ser candidatos e recorrem aos filhos para serem representados em Brasília. Marco Antonio Cabral, primogênito do ex-governador Sergio Cabral, preso no Rio, e Danielle Cunha, filha de Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara que esteve preso na Lava Jato até recentemente, também disputarão um mandato

Nos passos do avô

Avener Prado

A deputada Marília Arraes (PT) quer fazer o mesmo caminho do avô, o ex-governador Miguel Arraes, que ocupou o cargo por três vezes e faleceu em 2005. Ela quer concorrer ao cargo de governadora de Pernambuco. Em 2018, mesmo liderando as pesquisas, precisou abrir mão da disputa pelo Palácio Campo das Princesas para favorecer uma aliança do PT com o PSB. Em 2022, a petista espera poder concretizar o sonho.

Retrato falado

“Aras não vai poder matar no peito e engavetar o relatório da CPI” (Crédito:Adriano Machado)

O senador Omar Aziz, presidente da CPI da Covid, disse à Folha não acreditar que o procurador-geral da República, Augusto Aras, vai sentar em cima do relatório que será produzido pela comissão, pois “ele não é o dono da verdade”. Mesmo assim, advertiu que o documento pode ser encaminhado diretamente ao Supremo Tribunal Federal na forma de uma notícia-crime com o pedido para que a Corte mande o Ministério Público abrir um procedimento, o que já aconteceu no passado.

Toma lá dá cá

Simone Tebet, senadora pelo MDB-MS (Crédito:Mateus Bonomi )

A senhora vai tomar providências por ter sida ofendida por Wagner Rosário?
Foi um episódio lamentável. Ele achou que eu fosse inferior. O que precisava ser feito eu já fiz: transformei o episódio em algo pedagógico.

O que achou das denúncias sobre a Prevent Senior?
Gravíssimas e chocantes. Não estamos falando apenas de um grupo de médicos que acreditavam
no tratamento precoce. Eles tentaram fazer pacientes de cobaias para dar fama e ganhar dinheiro com esse estudo.

O que representa a aprovação da PEC da reforma eleitoral que a senhora relatou na CCJ?
O fim das coligações partidárias é fundamental para garantir que os próximos presidentes não precisem ceder a negociatas para implantarem seus projetos.

Pobreza como legado

Bolsonaro comemorou, esta semana, os 1000 dias de seu governo, mas deixou milhares de brasileiros excluídos da festa. Em seu mandato, a pobreza extrema cresceu assustadoramente. Em dezembro de 2018, eram 12,7 milhões de pessoas a viver com menos de R$ 89 mensais, enquanto que em junho deste ano o número saltou para 14,7 milhões. Eles se somam aos 41,1 milhões de brasileiros que vivem em miséria absoluta e dependem dos programas sociais do governo para sobreviver. O quadro é agravado pelo desemprego recorde, que na atual gestão atingiu a marca de 14,8 milhões de pessoas sem trabalho, e pelo retorno do fantasma da inflação, que em setembro rompeu a barreira dos 10%.

Vilões da inflação

Desta vez, porém, não se pode acusar os empresários por aumentos abusivos. Afinal, a escalada inflacionária está sendo puxada pelos reajustes dos combustíveis (a gasolina subiu 39,05% este ano) e da energia elétrica, que subiu 3,61% só em setembro. Moral da história: os juros são subir e o PIB vai cair.

Crise no Novo

Criado como alternativa à velha política, o Novo vive uma crise sem precedentes. Desde que o empresário João Amoêdo deixou a presidência do partido, em abril de 2020, houve uma debandada de filiados e a maioria dos seus oito deputados passou a votar a favor de Bolsonaro na Câmara, cooptados pelas antigas práticas políticas, desvirtuando-o.

Paulo Whitaker

Correção de rota

Insatisfeito com os rumos da legenda, Amoêdo quer retomar um assento na Executiva Nacional para reestruturá-la. Enviou carta ao atual presidente, Eduardo Ribeiro, pedindo para retornar à direção, mas o dirigente disse-lhe que a maioria do diretório não aprovou sua volta. O empresário diz que não desistiu de expurgar os bolsonaristas.

A vez das mulheres

Divulgação

Pela primeira vez na história, uma chapa com duas mulheres na cabeça disputará a direção da OAB, seccional de São Paulo, nas eleições que acontecem em novembro. A criminalista Dora Cavalcanti (à dir.) será candidata a presidente, tendo como vice a advogada Lazara Carvalho, ex-vice-presidente da Comissão de Igualdade Racial da entidade. Novos tempos na OAB-SP.

Rápidas

* O presidente da Câmara, Arthur Lira, acaba de ganhar um reforço na renda familiar. Sua mulher Ângela Lira foi contratada pelo governador de Roraima, o bolsonarista Antonio Denarium, como secretária-adjunta no escritório regional de Brasília: salário de R$ 14 mil.

* Agora o jogo nas prévias do PSDB para presidente será apenas entre João Doria e Eduardo Leite. Arthur Virgilio deve desistir em favor de Doria e Tasso Jereissati vai apoiar Leite. A eleição será no dia 21 de novembro.

* O ex-juiz Sergio Moro esteve esta semana em Curitiba conversando com aliados, como o senador Álvaro Dias. Ele está em dúvida se disputa a Presidência, o Senado ou se permanece advogando nos EUA. Dará resposta em no mês que vem.

* O relatório da CPI da Covid no Senado, que está sendo elaborado por Renan Calheiros, já está quase pronto. Terá 6000 páginas e vai indiciar mais de 30 autoridades do governo, entre eles o próprio presidente Bolsonaro.