04/11/2022 - 9:30
Novo governo
Retrocesso é a palavra que define o estado do ensino brasileiro deixado por Jair Bolsonaro. Envolto em polêmicas de corrupção, o Ministério da Educação atingiu um quadro dramático. Os gastos do Plano de Ações Articuladas, importante instrumento de gestão educacional, são os menores em uma década. Em 2012, somaram R$ 4,7 bilhões. Neste ano, até outubro, o governo gastou apenas R$ 296 milhões. Análises constataram que 40% das crianças entre seis e sete anos não sabiam ler ou escrever em 2021. No ensino superior, houve descaso com corte de verbas e ataques, como o do ex-ministro Abraham Weintraub, que acusou estudantes de “balbúrdia” nos campus das instituições federais, nos quais estariam se dedicando a “plantar maconha e transar”.
A administração de Luiz Inácio Lula da Silva enfrentará o descalabro. “É necessário que a gente continue fazendo mais universidades para que mais brasileiros possam estudar”, declarou ele, na campanha eleitoral. É o que esperam os docentes. Daniel Cara, professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, concorda com a iniciativa. “Lula tem dois caminhos: seguir sua agenda ou ceder à parceria com o mercado e com as fundações empresariais que disputam a educação. Se percorrer a primeira alternativa, deve optar por um ministério ‘democratizador’, que expanda matrículas em três frentes: nas universidades públicas, via Fies e via ProUni”, destaca. “Se coubesse a mim sugerir, iria com foco na expansão das unidades públicas”. Para o professor, é preciso reiterar aos que celebraram o retorno de Lula que a luta continua. “Ao ir para o segundo turno, ele teve que fazer aliança com setores neoliberais do mercado financeiro. A conta não fecha: ou se coloca a educação no orçamento ou se faz ajuste fiscal”, ressalta.
“Ainda bem que o Lula foi eleito. Não queria o nome do Bolsonaro no meu diploma”
Allan Kenzo, 21, estudante de Geografia da USP
Allan Kenzo, 21, aluno de Geografia da USP, é testemunha do momento de transição. Coordenador do movimento estudantil Juntos!, ele observa o cenário com dúvidas. “Sabemos que a eleição não resolverá todos os problemas, mas Lula representa um respiro em meio aos ataques bolsonaristas”, considera. “Impor uma derrota era um foco, tendo em vista os cortes de verbas”.
* Estagiária com supervisão de Thales de Menezes