20/04/2023 - 9:30
Nas últimas décadas, Amazonas e Nilo travam uma disputa ferrenha pela condição de rio mais extenso do planeta. É certo que ambos têm cerca de 7.000 km, mas, a cada nova aferição anunciada por institutos dedicados a esse monitoramento, as posições no topo desse ranking podem mudar. Um dos trabalhos mais completos já feitos com satélites, apontou o Amazonas com 6.992 km, superando o Nilo, que teria 6.852 km. É um levantamento do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), e parte da comunidade científica rejeita esses valores. Atualmente, as medidas com mais consenso entre os estudiosos da Terra dão o Nilo como o maior, com 7.088 km, e o Amazonas medindo 6.992 km.
No ano que vem, um novo número vai surgir para o Amazonas. Uma expedição com três embarcações especialmente desenvolvidas pelas Fatecs de São Paulo e Jaú partirá em abril para uma jornada que, espera-se, confirme o Amazonas como o maior do mundo. Trata-se do projeto Rio Amazonas: do Gelo ao Mar. O escritor, produtor cinematográfico, explorador e navegador Yuri Sanada, no comando da expedição, explica que os objetivos da missão são maiores do que simplesmente a checagem da extensão. “O que chama mais a atenção é a possibilidade do Amazonas ser mais longo que o Nilo, o que implica uma série de imagens positivas para o Brasil no exterior, mas há também uma redescoberta da valorização do rio e da nossa biodiversidade, com a parte turística sendo muito importante.”
Sanada lamenta que o Brasil receba poucos turistas na Amazônia. “O pessoal vai para o Peru, vai para o Equador e não vem para o Brasil, por incrível que pareça”, afirma o navegador, que ressalta o fato de as expedições ao Amazonas se concentrarem numa região pequena. “A Amazônia é tão rica e nunca foi feita toda essa documentação do rio completo, desde a nascente no Peru, nas montanhas nevadas na Cordilheira dos Andes, até chegar ao oceano.”

A expedição deve durar cinco meses e pode contribuir para o descobrimento de espécies de fauna e flora. “O acesso à Amazônia é através do rio. Tem áreas nas quais ninguém nunca esteve, nem os indígenas. A região pode oferecer muitos remédios que não foram descobertos, alguns que nem a sabedoria indígena conhece.
A natureza é muito generosa.”
O barco desenvolvido para a missão é uma canoa de sete metros, com cabine para dormir, construído com fibras naturais e resina de mamona. Além de painéis solares, os pedais também podem carregar a bateria. Solução totalmente brasileira, cada embarcação poderá ser utilizada depois por comunidades ribeirinhas.
* Estagiário sob supervisão de Thales de Menezes