13/01/2023 - 9:30
O tradicional formato dos museus, com esculturas nos corredores e pinturas nas paredes, é quase tão antigo quanto a arte em si. As primeiras grandes instituições do gênero no Ocidente, o British Museum, em Londres, e o Louvre, em Paris, consolidaram esse modelo e o mantêm desde o século 18. Pouca coisa havia mudado até a chegada das “exposições imersivas” que viraram febre em todo o mundo.
Fruto do avanço da tecnologia, o conceito vai muito além da mera observação de quadros. Por meio de projeções enormes em alta resolução, o público praticamente consegue se sentir “dentro” das obras de arte, criando uma relação bem mais pessoal e interativa. Os críticos podem torcer o nariz, mas a verdade é que esses eventos têm batido recordes de público por onde passam. Em São Paulo, a Beyond Van Gogh, dedicada ao mestre holandês, vendeu mais de 200 mil ingressos em apenas dois meses, o maior número de visitantes entre todos os países que a sediaram. Foi montada depois no Rio de Janeiro, Brasília e Goiânia e, em fevereiro, chegará a Recife e Fortaleza. O francês Claude Monet e o brasileiro Cândido Portinari, recentemente homenageados em mostras semelhantes, também quebraram recordes de público.
A maior prova da força dessa tendência é que São Paulo recebe quatro grandes exposições desse tipo no início de 2023. A primeira é Michelangelo: O Mestre da Capela Sistina, em cartaz no MIS Experience a partir de 28 de janeiro. Uma reprodução gigante do teto da igreja mais famosa do mundo promoverá um “mergulho” na obra-prima do renascentista italiano. No espaço de catorze salas, será possível ver de perto detalhes dos afrescos e dos mosaicos do piso do oratório. Haverá ainda esculturas e uma simulação do ateliê de Michangelo.

Artista misterioso
Em 1º de fevereiro, um espaço especial no Shopping Eldorado recebe simultaneamente Frida Kahlo – A Vida de um Ícone, sobre a trajetória artística e o universo pessoal da pintora mexicana, e A Arte de Banksy: Sem Limites, com 150 obras do street artist britânico cuja identidade até hoje é ignorada. Além da deslumbrante jornada visual pelos principais trabalhos de Frida, sua vida trágica também integra a experiência. Na área O Instante, uma holografia reproduz o acidente de bonde que lhe trouxe consequências irreversíveis. Já a instalação O Sonho tenta reproduzir sua imaginação durante o período de recuperação que passou na cama, na casa em que dividia com o muralista Diego Rivera.
A mostra dedicada a Banksy também vem de uma bem sucedida temporada no exterior, onde foi vista por mais de 1,3 milhão de pessoas. Entre objetos, litogravuras e as famosas imagens em estêncil, o destaque será o ambiente que reproduz suas criações mais recentes, na Ucrânia – Banksy esteve no país em plena guerra e grafitou os muros da capital. “É a primeira vez no mundo que essas obras serão reproduzidas fora de Kiev. Montamos uma esquina semelhante ao local onde ele criou suas peças”, explica o produtor executivo Rafael Reisman. Ele lembra das dificuldades do projeto, uma vez que o artista não assina contratos. “Negociamos com uma empresa que, por sua vez, trata direto com alguém que o representa. É misterioso. Acredito que ele só deu permissão porque quer que sua mensagem chegue ao maior número possível de pessoas”.

Em março será a vez de Imagine Picasso, com reproduções em 3D do pintor espanhol. A mostra, que homenageia os 50 anos de sua morte, chega ao MorumbiShopping após passar pelos EUA e Espanha. O projeto cenográfico, assinado pelo arquiteto francês Rudy Ricciotti, foi inspirado nos origamis de Picasso: suas pequenas esculturas feitas de papel. A oportunidade de poder “entrar” em um de seus quadros certamente levará a exposição novos recordes de público.
