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A agência espacial americana (NASA) sabia, em dezembro de 2021, quando lançou o telescópio James Webb ao espaço, que faria história, mas não imaginou que o impacto seria tão grande. As primeiras imagens feitas pelo objeto superaram as expectativas. Acredita-se que são as mais nítidas já feitas do universo. As fotografias retratam a Grande Nuvem de Magalhães, um sistema próximo da Via Láctea, mas 20 vezes menor que a nossa galáxia. Ela ainda revela gás interestelar ao redor de um campo repleto de estrelas. O telescópio ainda está em fase de testes para preparar todos os instrumentos científicos do equipamento. Essa parte, chamada de “comissionamento”, deve se encerrar em meados de julho, e então ele poderá começar a fazer suas pesquisas astronômicas.

Um dos principais objetivos científicos do James Webb é observar a formação, estudar a evolução e os processos de criação das galáxias, das estrelas e dos planetas. Ele examinará objetos no limite do espaço olhando para o passado com o intuito de entender a origem do universo. Outra intenção é analisar a luz de planetas ao redor de outras estrelas, os exoplanetas. Hoje existe cerca de cinco mil astros deste tipo catalogados, mas estima-se que existem milhares fora da nossa galáxia, e o James Webb poderá detectá-los, bem como verificar se existe a presença de água, fator ideal para a existência de vida. Por último, ele vai estudar e entender a composição das primeiras estrelas que se formaram logo depois da galáxia. “Essas estrelas devem trazer a composição química bruta. Só hélio, só hidrogênio. Podemos entender como se deu a história química do universo.

Com a técnica do infravermelho, o telescópio vai poder atravessar as poeiras cósmicas e prover imagens nunca antes vistas na história”, afirma Roberto da Costa, professor de astronomia da USP. O James Webb é tido como um substituto de outros grandes telescópios como o Hubble e o Spitzer, mas especialistas na área não o veem assim, eles preferem chamá-lo de “sucessor”. Projetado e concebido para ser um olho na captação de radiação infravermelha, a massa do telescópio equivale a aproximadamente metade do Hubble, e seu espelho primário possui um diâmetro 2,5 vezes maior, além de uma área seis vezes mais extensa que a do seu antecessor. Ele também trabalha com 18 espelhos hexagonais que precisam estar bem alinhados para refletir apenas a luz infravermelha e não a luz visível.

Outra diferença entre os telescópios é que o Webb se encontra hoje a 1 milhão de quilômetros da Terra, em uma área conhecida como L2, além da órbita da Lua e fora do alcance de qualquer nave tripulada disponível atualmente, o que impede o telescópio de sofrer manutenção. Seu tempo médio de vida é de cinco anos, mas após o lançamento bem sucedido do equipamento, a Nasa espera uma sobrevida de dez a 20 anos. “Ele foi desenhado para nada dar errado. Equipes com milhares de pessoas pensaram em planos A,B,C, para caso algo saia fora do planejado. É um feito extraordinário. As descobertas astronômicas que estão por vir na próxima década são inimagináveis”, afirma Alberto Rodriguez Ardila, pesquisador do Laboratorio Nacional de Astrofisica.

Tyler Jones/UF/IFAS

Solo fértil na lua

Pela primeira vez, cientistas norte-americanos conseguiram cultivar plantas utilizando solo lunar. Durante as missões espaciais do projeto Apollo, da Nasa, entre os anos 1960 e 1970, foram coletadas pequenas amostras de terra da Lua e a elas acrescentadas um solução nutritiva que permitiu o florescimento de alguns tipos de plantas, como as da espécie Arabidopsis. O vegetal é de origem asiática e tem parentesco com a mostarda. Sua escolha se deu porque o código genético pode ser completamente mapeado e, dessa forma, mais informações do solo lunar poderão ser assimiladas. Por exemplo, se há algum tipo de substância ou microorganismo perigoso ao ser humano, o que pode impedir a utilização do terreno lunar para o plantio alimentar. Em outras palavras, a intenção é permitir que viagens estelares sejam mais longas e até a visita à Lua mais frequente. Agora, há limitadores. Percebeu-se que o crescimento dos vegetais se deu de forma irregular, relativo ao tamanho original da planta e ao tempo de florescimento. O projeto Artemis, também da Nasa, terá inicio em 2024, e deve levar maior quantidade de astronautas à Lua, inclusive Jessica Andrea Watkins, primeira mulher negra em missão de longa duração no espaço.