24/11/2023 - 8:30
Em março de 1970, um grupo de fãs de histórias em quadrinhos liderado pelo roteirista Shel Dorf organizou em San Diego, na Califórnia, um encontro para discutir seus personagens favoritos, trocar e vender gibis. Foi um sucesso: compareceram 300 pessoas e a turma se animou para realizar uma nova convenção semelhante no ano seguinte. Nascia ali o embrião da Comic Con, feira que se espalhou pelo mundo e que há muito tempo não está mais restrita aos fãs de quadrinhos, mas a todo o universo do entretenimento.
A Comic Con chegou ao Brasil em 2014 por meio do site Omelete, primeiro grande portal voltado à cultura geek no País. Nasceu gigante: no primeiro ano já recebeu quase 100 mil pessoas ao longo dos seus quatro dias, exibiu estandes de 80 empresas e promoveu performances dos atores norte-americanos Jason Momoa, da série Game of Thrones, e Sean Austin, dos filmes Goonies e O Senhor dos Anéis, entre outros.
Além de surpreender o mercado pelo público expressivo, a festa ficou famosa pela presença dos cosplays, fantasias usadas pelos fãs para homenagear seus maiores ídolos. A indústria tomou aquilo como um sinal de que o Brasil tinha enorme potencial para esse tipo de ação.

Desde então, o crescimento foi absurdo. Na segunda edição, o público chegou a 130 mil pessoas, igualando o recorde do evento original, em San Diego.
Em 2016, a CCXP brasileira passou a ser a maior do mundo, com 180 mil convites vendidos. A repercussão foi tão grande que a organização teve de criar uma versão itinerante no Nordeste, que reuniu mais de 50 mil participantes no Recife, em Pernambuco.
Com a pandemia, os encontros de 2020 e 2021 aconteceram apenas no ambiente online, mas em 2022 o retorno foi avassalador: em quatro dias, 280 mil pessoas participaram da convenção, mesmo público esperado para esse ano no evento que acontece de 30 de novembro a 3 de dezembro, no pavilhão São Paulo Expo.
Em 2024, a CCXP brasileira fará a festa no exterior, de 3 a 5 de maio, na Cidade do México. Será batizada de CCXP-MX.

O público não é expressivo apenas em números. No Brasil estão os maiores fã-clubes e o maior engajamento nas redes sociais, o que é muito valorizado atualmente pelos estúdios.
Isso leva Hollywood a investir pesado não apenas em grandes estandes, repletos de tecnologia e experiências interativas, mas também no convite a astros de cinema que podem alavancar as audiências de suas produções.
• A Warner Bros, por exemplo, montará o maior espaço temático da história da CCXP. Será dedicado às séries A Casa do Dragão e The Big Bang Theory, além de Barbie, a maior bilheteria do ano no País. O lançamento de novas versões de games como Mortal Kombat e Hogwart’s Legacy também deve fazer a alegria dos fãs.
• A AppleTV+, que participa pela primeira vez, trouxe comitiva de peso para lançar a série Monarch – Legado de Monstros — são 25 pessoas, incluindo o ator Kurt Russell.
• Já a Netflix optou por trazer Zack Snyder, diretor de Liga da Justiça e Batman vs. Superman. Ele participará de bate-papos e mostrará o filme Rebel Moon: A Menina do Fogo. Snyder não estará sozinho, mas com todo o elenco. Será a primeira sessão mundial do longa — ele ainda não foi exibido nem em Hollywood, o que só comprova o prestígio da CCXP brasileira.
• Atrações nacionais também estarão no cardápio: a apresentadora Xuxa vai comemorar seus 60 anos no evento, em um dos painéis mais disputados pelo público. Assim como os nerds, os baixinhos cresceram — e estão cada vez mais poderosos.
Entrevista com Roberto Fabri, VP de Conteúdos da CCXP
“O Brasil é um mercado atrativo pelo engajamento nas redes sociais”
Como a versão brasileira da Comic Con que nasceu na Califórnia acabou se tornando maior que a original?
Somos o maior evento do gênero no mundo porque combinamos um público fanático com uma produção focada na experiência. Enquanto os outros põem de pé um simples show, nós oferecemos o “Rock in Rio”.
Como é o processo para garantir a presença de tantas artistas famosos, nacionais e internacionais?
Tivemos sorte porque a greve de atores e roteiristas de Hollywood acabou. Os estúdios voltaram a investir na divulgação dos projetos e o Brasil é uma prioridade. O brasileiro ama redes sociais e esse engajamento é essencial para o sucesso de um filme.

Xuxa pertence a esse universo?
Sim, ela é um dos maiores ícones pop da história e precursora de uma revolução geracional.
Pensam na expansão internacional?
Teremos CCXP-MX, na Cidade do México, em maio de 2024. A ideia é estar mais próximo dos grandes lançamentos do verão nos EUA.