14/04/2022 - 9:30
A imagem do vírus responsável pela Covid-19, o Sars-Cov-2, correu o mundo assim que foi visto pela primeira vez em laboratório. Redondo, com uma aura de “espinhos” que relembravam uma coroa, o novo coronavírus mostrou que era – e ainda é apesar da vacina – letal. Apesar de invisível fora do microscópio, sua versão aumentada e feita em vidro virou obra de arte nas mãos do artista britânico Luke Jerram. Como pode uma célula mortífera causar fascinação quando exposto em museus ao redor do mundo?

Conhecido por suas obras incrivelmente realistas e cientificamente precisas, Jerram teve 104 exposições em 17 países diferentes só no ano passado. Com diversas esculturas famosas no currículo, como a da Lua e da Terra, é com a série “Glass Microbiology” que ele tem encantado – e aterrorizado – multidões em tempos de pandemia.
A série, que já inclui mais de 100 esculturas, desde a varíola até o ebola, passando pelo HIV e a gripe suína, começou a ser feita ainda em 2004. Ver os vírus e as bactérias em “tamanho família” é uma oportunidade de entender melhor como funcionam esses micro-organismos dentro do corpo humano. Por esse motivo, além de serem um sucesso em museus, as esculturas de Jerram também são respeitadas na comunidade científica e já foram usadas como apoio nas revistas especializadas The Lancet e Scientific American, além de ilustrarem livros didáticos.
Seu processo criativo começa com o estudo dos diagramas científicos feitos em laboratório, bem como o uso das imagens coletadas por um tipo específico de microscópio. O artista diz que o objetivo é deixar a obra da “maneira mais real possível”. Ao adicionar luz em algumas das peças, transformando-as em uma espécie de luminária, consegue dar ainda mais versatilidade ao vidro. “Você pode criar tensão entre a beleza do objeto e o que ele representa”, diz.