A imagem do vírus responsável pela Covid-19, o Sars-Cov-2, correu o mundo assim que foi visto pela primeira vez em laboratório. Redondo, com uma aura de “espinhos” que relembravam uma coroa, o novo coronavírus mostrou que era – e ainda é apesar da vacina – letal. Apesar de invisível fora do microscópio, sua versão aumentada e feita em vidro virou obra de arte nas mãos do artista britânico Luke Jerram. Como pode uma célula mortífera causar fascinação quando exposto em museus ao redor do mundo?

CRIATIVIDADE O artista britânico Luke Jerram começou a série em 2004 (Crédito:Divulgação)

Conhecido por suas obras incrivelmente realistas e cientificamente precisas, Jerram teve 104 exposições em 17 países diferentes só no ano passado. Com diversas esculturas famosas no currículo, como a da Lua e da Terra, é com a série “Glass Microbiology” que ele tem encantado – e aterrorizado – multidões em tempos de pandemia.

A série, que já inclui mais de 100 esculturas, desde a varíola até o ebola, passando pelo HIV e a gripe suína, começou a ser feita ainda em 2004. Ver os vírus e as bactérias em “tamanho família” é uma oportunidade de entender melhor como funcionam esses micro-organismos dentro do corpo humano. Por esse motivo, além de serem um sucesso em museus, as esculturas de Jerram também são respeitadas na comunidade científica e já foram usadas como apoio nas revistas especializadas The Lancet e Scientific American, além de ilustrarem livros didáticos.

Seu processo criativo começa com o estudo dos diagramas científicos feitos em laboratório, bem como o uso das imagens coletadas por um tipo específico de microscópio. O artista diz que o objetivo é deixar a obra da “maneira mais real possível”. Ao adicionar luz em algumas das peças, transformando-as em uma espécie de luminária, consegue dar ainda mais versatilidade ao vidro. “Você pode criar tensão entre a beleza do objeto e o que ele representa”, diz.