Com quatro anos de atraso e a dois meses do final de seu mandato, o presidente do Chile, Sebastián Piñera, decidiu cumprir na semana passada uma promessa do início da gestão: ajudar entidades de direitos humanos a localizar e identificar geneticamente pessoas que, quando crianças à época da ditadura militar do general Augusto Pinochet (1973-1990), foram tiradas à força de suas famílias e vendidas para adoção sob ordens do aparato repressivo. Saliente-se que além postergar incessantemente a questão, Piñera coloca agora em prática o prometido, mas pela metade: ao dotar instituições privadas de recursos para buscas e exames de sequenciamento genético, o presidente exime o Estado de qualquer responsabilidade ética e jurídica pelos crimes de rapto e comercialização de bebês. A organização “Hijos y Madres del Silencio” (versão chilena da poderosa “Abuelas de Plaza de Mayo”, da Argentina) estima que pelo menos quinhentas e setenta e nove crianças foram sequestradas – hoje, obviamente já adultas, tem-se que cento e trinta e oito delas já tiveram retificadas as suas certidões de nascimento e paternidade. “São crimes cometidos pelo Estado”, diz Marisol Rodríguez, integrante da entidade. “Queremos, então, que seja constituída uma Comissão da Verdade, Justiça e Reparação”. Na ditadura militar argentina, torturadores raptavam recém-nascidos de opositores do regime, jogavam os corpos amarrados dos pais no rio da Prata (os “voos da morte”), criavam os pequenos ou entregavam-nos à adoção. No Chile, os bebês furtados eram, sobretudo, de etnia indígena. O governo os vendia a estrangeiros e o dinheiro ia para o bolso de militares.

“Era um negócio mesmo, um negócio muito lucrativo. Um crime de lesa-humanidade” – Marisol Rodríguez, da entidade “Hijos y Madres del Silencio”

Quem faz o preço

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Dado da Associação Brasileira dos Revendedores: 80% dos negócios que envolvem a venda e distribuição de gás de cozinha no estado do Rio de Janeiro estão em mãos de milicianos e traficantes. É justamente o Rio que responde pelo terceiro maior e mais lucrativo mercado de gás do País (cerca de dois milhões de botijões comercializados mensalmente), tendo à sua frente São Paulo e Minas Gerais. A comercialização de gás é utilizada como lavagem de dinheiro pelas milícias.

LIVROS
O melhor de Villa-Lobos para os brasileiros

TODOS OS SONS Villa-Lobos: homenagem em Vida & Obra, de Eeros Tarasti (Crédito:AFP PHOTO)
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O antropólogo e musicólogo finlandês Eeros Tarasti, amigo da pianista brasileira Anna-Stella Chic, a quem conhecera em Paris, desembarcou no Rio de Janeiro em 1972. Veio para cá com o objetivo de permanecer um período de tempo na Amazônia e estudar as músicas feitas para flauta pelos indígenas da etnia Suyá. Oito meses se passaram, e ele à espera de uma autorização da FUNAI, que jamais lhe foi dada. Enquanto aguardava, Tarasti mergulhou nas composições de Heitor Villa-Lobos. Daí nasceu o livro Vida & Obra, publicado na Finlândia, mas que se tornou uma das principais referências de nossa música em todo o mundo. Agora, passado meio século, Vida & Obra é, finalmente, lançado pela primeira vez no Brasil (editora Contracorrente).

NEGÓCIOS
Barbie e Elsa estarão juntas para ajudar a Mattel

MAGIA Barbie e Elsa: de rivais a aliadas (Crédito:Divulgação)
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A empresa americana Mattel, fabricante de toda a linha de bonecas Barbie, está precisando com urgência aumentar o seu faturamento – em outras palavras, necessita vender mais aquilo que produz. Embora Barbie siga sendo bastante consumida, sozinha ela já não dá conta. A Mattel anunciou, na semana passada, que recuperou a licença para fabricar as princesas da Disney: a primeira será Elsa. Ganharão novas versões, também, personagens clássicas: “Cinderella”, “A Pequena Sereia” e “A Bela Adormecida”, entre outros.