27/08/2021 - 9:30
“Você fez um homem crescido chorar”, diz a letra de “Start me Up”, sucesso dos Rolling Stones lançado no álbum “Tattoo You”, há quarenta anos. Pois esse trecho da canção nunca fez tanto sentido quanto na semana passada, quando o mundo do rock deu adeus ao baterista Charlie Watts, de 80 anos. Junto com o vocalista Mick Jagger e o guitarrista Keith Richards, ele fundou a maior banda de rock do planeta, um grupo que acabara de anunciar uma nova turnê após 59 anos de carreira. Charlie Watts morreu em um hospital de Londres, ao lado da família. A repercussão foi imediata: de Paul McCartney a Elton John, músicos foram às redes sociais para prestar homenagens. Apesar de ser uma lenda do rock, Watts gostava mesmo era de jazz. Costumava citar Elvin Jones e Roy Hanes entre suas influências, assim como Tony Williams, que tocava com Miles Davis. Watts também ficou famoso por ser um roqueiro diferente do padrão. Ao contrário de seus colegas de banda, famosos pela vida de rockstars, Watts era casado desde 1964 com a mesma mulher, Shirley Ann Shepherd. Seu estilo elegante dava a impressão de que era o empresário da banda: estava sempre vestido de maneira impecável. Perdeu a compostura poucas vezes. Em uma delas, ao ser chamado de “meu baterista” por Mick Jagger, deu-lhe um soco e o alertou: “nunca me chame de ‘seu baterista’. Você é que é meu vocalista”. No início da semana, antes de sua morte, os Rolling Stones anunciaram o relançamento do álbum “Tattoo You”. A nova versão traz nove faixas inéditas e um disco extra ao vivo, gravado na época. A melhor música do álbum, no entanto, continua a mesma: “Start me Up”. A partir de agora, ouvir Mick Jagger cantando “você fez um homem crescido chorar” terá um efeito diferente sobre milhões de fãs em todo o mundo.