31/03/2023 - 9:30
A Dinamarca segue na vanguarda da preservação ambiental. Primeiro a enterrar em seu solo dióxido de carbono trazido de outros países, solução pioneira para eliminar o poluente da atmosfera, agora o governo dinamarquês começa a operar o primeiro “cemitério” de gás carbônico no fundo do oceano. Os tanques ficam a quase 2 km de profundidade, no Mar do Norte. Com apoio tecnológico de uma multinacional química britânica e uma empresa de energia alemã, as atividades se iniciaram com CO2 que veio da Bélgica até Esbjerg, na costa sul dinamarquesa. Chamado de Projeto Greensand, tem como meta armazenar pelos menos oito milhões de toneladas anuais de carbono até 2030.
Embora saudado com discursos entusiasmados da presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, e recebendo uma forte campanha promocional do governo, o método sofre muitas críticas de ambientalistas. É um processo muito caro em comparação a outras soluções para o carbono. “Vale a pena investir, claro, mas é preciso criar formas de gastar menos na captação desse recurso”, avalia Nicolas Dantes Firro, engenheiro brasileiro que há seis anos trabalha em projetos ambientais na Dinamarca. “Existem, por baixo, umas 200 pesquisas neste momento voltadas a aperfeiçoar o cemitério de gases, mas é bom os resultados aparecerem. Essa iniciativa da Dinamarca é muito mais uma propaganda da vocação ambiental do país do que propriamente o início de uma nova era na conservação.”
Para o engenheiro, o governo sabe do impeditivo dos custos, tanto é que não desenvolveu uma plataforma totalmente nova para bombear o CO2 ao fundo do mar. “Praticamente fez um Frankenstein com partes de plataformas antigas que foram retiradas de operação.”
Curioso é que a escolha dessa região do Mar do Norte surgiu do fato de ter sido por décadas área de maciça exploração de petróleo, o que certamente contribuiu para o excedente de carbono na atmosfera. Os oleodutos e reservatórios que foram deixados vazios no fundo do mar após a produção de petróleo foram reutilizados para levar o carbono aos depósitos submarinos.