25/11/2022 - 9:30
No inicio da segunda década desse século, a Organização Mundial de Saúde (OMS) estabeleceu que, de fato, a obesidade é uma doença crônica – e a relacionou com as principais causas de morte. Enfermidades essas que, quando não matam, deixam sequelas que podem ser irreversíveis. Para ficar em apenas três delas: infarto, acidente vascular cerebral (AVC) e câncer. Sendo esses fatos irrefutáveis e algo de conhecimento geral, porque a obesidade sobe sem parar em todo o mundo? A resposta: ela cresce porque emagrecer de forma saudável é um processo complexo que envolve distintos aspectos do cotidiano. Para que a perda de peso se torne realidade, é bom eleger em primeiro lugar a conscientização. O indivíduo tem de ter a certeza de que o seu quadro de obesidade deve ser tratado. No entanto, a batalha pode ser muito mais simples quando se tem a ajuda e o companheirismo de alguém próximo – ou, melhor, íntimo. Muitos casais, jovens e maduros, já perceberam isso e vêm mostrando suas vitórias nas redes sociais.

“Já pensei em fazer uma lipoaspiração, mas hoje isso nem passa mais pela minha cabeça”, afirma Selma Andréa Bossolani Villardo. Ela é fisioterapeuta, tem 49 anos e é estimulada por seu marido, o profissional de marketing Luiz Octávio Galhardi Villardo, de 46 anos, a praticar esportes diariamente na Companhia Athletica Anália Franco, academia situada no bairro de mesmo nome, onde moram, na capital paulistana. Selma conta que, apesar do fato de não gostar de se exercitar, não deixa de malhar. “Habituei-me a fazer aulas de dança e musculação. Sei que nessa fase da vida isso é muito importante para a minha saúde”. O casal tem rotina profissional intensa, mas como a disposição tomou conta da família, até Maria Eduarda, a filha de 17 anos, passou a acompanhá-los.
Há uma peculiaridade no caso de Selma. Ela foi obrigada a praticar atividades físicas após a realização de um exame médico, há dois anos. Tal exame indicou que Selma estava com parte da artéria carótida obstruída. “Não sabemos o motivo exato do bloqueio, provavelmente junção de alimentação inadequada e vida sedentária”, diz ela. O esforço valeu a pena. Em um período de dois anos, eles saíram de uma condição de sobrepeso, reduziram medidas e estão saudáveis.
Aulas em academia, jogos com bola ou mesmo uma simples corrida são ações que podem estabelecer mais qualidade de vida e, ainda, melhorar perspectivas emocionais. “Sempre tive o biótipo mais largo, quando era gordinha me sentia feia e desconfortável na escola”, conta a analista contábil Letícia Helena de Oliveira Relvas, 34 anos. Ela e o marido, Marcos Alexandre Jesus Meleiro Dias, 35 anos, passaram pelas mesmas circunstancias de discriminação na fase escolar. Esse comportamento agressivo é muito relatado no País. Os dois se conhecem desde a adolescência. Letícia explica que, do momento de recolhimento devido à pandemia até agora, a dupla perdeu mais de 20 quilos somente fazendo os exercícios e seguindo uma reeducação alimentar.
Ela afirma que os esportes melhoraram a sua autoestima: “Quando íamos à praia era um terror vestir biquíni ou sunga, agora somos mais tranquilos com nosso vestuário e passamos a postar fotos nas redes sociais”. De segunda a sexta-feira, o casal se vale de um aplicativo para frequentar diversas academias à noite –basta que os estabelecimentos estejam cadastrados. No período da manhã, às vezes, o casal corre em parques na cidade de São Paulo.
A obesidade é detalhada pela comunidade científica em estágios e suas causas são múltiplas, incluindo fatores genéticos. “A pessoa pode nascer com predisposição, mas, dependendo de seu comportamento, não desenvolve a enfermidade”, afirma Leonardo Emílio, médico cirurgião geral, especialista em emagrecimento e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica. Ele assegura que o modelo seguido por tais casais é correto para se vencer o hábito sedentário. “Atividade física regular e alimentação saudável são mudanças essenciais”, diz Emílio. Pequenos esforços individuais contra a obesidade podem se tornar um ganho comum à família quando são feitos de forma solidária.