22/12/2022 - 9:30
O maior e mais bem-sucedido experimento genético que os humanos já fizeram foi a criação de raças de cães ao longo de milhares de anos. Essa é a conclusão de um estudo do Instituto Nacional de Pesquisas sobre o Genoma Humano, nos Estados Unidos. Hoje domesticados, os cachorros foram esculpidos para cumprirem tarefas no passado. Exemplo do Border Collie, ágil e eficiente com rebanhos, ou o Jack Russell, compacto e atlético para perseguir suas presas. Entender os traços comportamentais desses pets sempre foi desafiador, mas a atual averiguação norte-americana mapeou as origens de tais habilidades.
A investigação provou que o homem criou seletivamente cães capazes de realizar tarefas específicas, cruzando raças. “Precisávamos de espécies
Pesquisadores analisaram o DNA de quatro mil cães, provenientes de 200 raças, juntamente com 46 mil avaliações de tutores de animais de estimação. Assim, definiram que existem dez tipos de cachorros, cada categoria com um comportamento distinto expresso em seus genes. “Seres humanos se aproveitaram da antiga variedade entre os ancestrais selvagens dos cachorros para criar tipos caninos únicos”, diz Emily Dutrow, uma das pesquisadoras.
Valeska Rodrigues, docente do curso de Medicina Veterinária da Unifran, destaca a importância do estudo. “O mapeamento genético tem evoluído dentro das espécies, inclusive quando se trata de raças de trabalho como guias, farejadores, pastores e cães de guarda. Antigamente, a seleção era pela família, origem dos pais, pedigree ou registros”, inicia. “Porém, muitas características foram diferenciadas a partir das pesquisas genéticas.” Algumas raças apresentam grande consanguinidade, o que comprova a manipulação genética que vem dos cruzamentos.
A investigação especifica, por exemplo, que o Border Collie tem uma variante que ajuda as células nervosas a se comunicarem com o cérebro, o que justifica o hiperfoco do pet “inteligente”. “Depois de 30 anos tentando entender a genética de cães que pastoreiam rebanhos, finalmente, começamos a desvendar o mistério”, finaliza Elaine.