Os cargos que Jair Bolsonaro têm distribuído para o Centrão não têm sido suficientes para garantir uma vida fácil no Congresso. A derrota na votação do novo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), na última terça-feira, 21, deixou claro que o presidente não poderá contar automaticamente com o grupo para aprovar seus projetos ou barrar um eventual impeachment. O Fundeb foi um vexame total para o governo, que se omitiu nos últimos 18 meses, enquanto o Congresso debatia como garantir recursos permanentes para a educação básica. Nos últimos dias, o deputado Arthur Lira (PP), líder do Centrão preferido por Bolsonaro para concorrer à cadeira de Rodrigo Maia na Câmara, tentou barrar a votação. O Ministério da Economia enviou às pressas modificações que garantiam parte dos recursos para o novo Renda Brasil, o que poderia driblar as limitações do teto de gastos — uma verdadeira “pedalada educacional”. Tudo em vão. Apenas sete deputados votaram a favor do governo e contra a PEC, já aprovada em dois turnos.

Vetos sob risco

Recentemente, a Câmara dos Deputados aprovou indenização para profissionais de saúde com Covid-19 que ficaram incapacitados de trabalhar, assim como um projeto que estende o auxílio emergencial para profissionais do esporte, contrariando o governo. Há preocupação com as votações sobre os vetos que barram a desoneração para setores da economia a partir de 2021 e modificam o marco regulatório do saneamento. O prognóstico não é bom. O primeiro ano do governo Bolsonaro foi marcado por uma derrubada recorde no número de vetos presidenciais.