07/10/2022 - 9:30
A Black Friday, que já faz parte do calendário do varejo brasileiro, começou em 2012 com muitos erros, mas nos anos seguintes houve amadurecimento e um entendimento da importância da data para o mercado. O fato é que o evento já faz parte do calendário do brasileiro, que se organiza para aproveitar as promoções e fazer compras de ticket médio mais alto, como celulares e eletrônicos. Ao mesmo tempo, é o momento de o varejista movimentar o estoque, para abrir espaço para as novidades do Natal.
20,3 bilhões de reais serão injetados nesse último trimestre na economia, diz estudo da CNDL
Este ano, os setores de comércio e serviços em especial, se preparam com grande expectativa para o chamado ‘super trimestre’, que contará com uma nova protagonista e que, aliás, vem ditando tendências de consumo, como modernos aparelhos de TV para a Copa do Mundo. “Esse ano ainda temos o mundial de futebol, que além de movimentar o comércio com vendas de televisores, roupas e decoração, também impacta os bares e o setor de eventos de forma positiva”, declara José César da Costa, presidente da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas).
7,9% é o crescimento previsto do faturamento do varejo comparado ao mesmo período de 2021
As vendas nos dois eventos são as novas alavancas do varejo e devem aquecer os negócios mais do que os especialistas esperavam no início do ano. Ambos acontecerão praticamente juntos e vêm na onda da maior confiança do consumidor: 62% dos consumidores pesquisados pela IM Globo/Behup acreditam em uma melhora no cenário econômico e, de acordo com a pesquisa encomendada pelo Google, junto com o Instituto Ipsos, 71% dos brasileiros pretendem comprar na Black Friday de 2022, aumento de 16% em relação ao ano passado. “Sem dúvida o varejo será um dos setores mais beneficiados. Essas duas datas movimentam o setor e, ocorrendo de forma conjunta, podemos esperar que novembro e dezembro sejam disparadamente os meses em que o comércio vai registrar a maior alta do ano”, diz Gabriel Nascimento, CEO da Ulend e especialista em administração e gestão de negócios.
74% dos consumidores antecipariam as compras apenas se houvesse promoção mais atrativa que na Black Friday
Essa boa expectativa está ligada ao crescimento do varejo. Segundo estudo da CNDL serão injetados R$ 20,3 bilhões no segmento, durante o último trimestre. Além disso, a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) prevê crescimento de 7,9% em comparação ao faturamento de 2014, ano em que o Brasil sediou o mundial de futebol.

Vale lembrar que o planejamento da cadeia varejista para um evento como a Copa do Mundo é bem intenso e detalhado, em função das diversas oportunidades para o comerciantes. “Esse ano, em especial, a Copa acontecerá dentro de um período sazonal já incorporado no calendário do varejo brasileiro e com enorme alavancagem em vendas, que é a Black Friday”, enfatiza Eduardo Salem, diretor geral de operações da Fast Shop. Usualmente, a Copa do Mundo tem forte influência na venda de televisores, mas esse ano, devido ao período do evento (Copa + Black Friday), o planejamento é muito mais abrangente: de acordo com a pesquisa do Google, vestuário, calçados e livros devem ser os produtos mais procurados nesse período, seguido do setor de eletrônicos.
Lista de desejos
50% dos entrevistados pretendem fazer compras na Black Friday para se preparar para a Copa do Mundo
56% Vestuário
38% Notebooks
26% Móveis
A torcida pela seleção dentro dos lares impactará diretamente os comportamentos de compra. Se o consumidor já pensava em obter uma televisão, é bem provável que os jogos impulsionem ainda mais o desejo de aquisição, principalmente pelo ambiente promocional. Levantamento da Nielsen, ao lado da Toluna, apontou que 65% das pessoas que pretendem comprar produtos na Black Friday são fãs de futebol, enquanto 87% dos que costumam realizar compras admiram o esporte. Mesmo com boas expectativas, Gabriel Nascimento reforça que as expressivas altas nas taxas de juros que ocorreram para controlar a inflação comprometem o poder de consumo e limitam um crescimento econômico mais expressivo. Além disso, o peso na economia como um todo também tem impacto mais restrito, pois as comemorações da Copa também trazem queda em algumas outras atividades econômicas, como o mercado financeiro, por exemplo, que enxerga nesse período o número de negociações e cotações ficarem abaixo da média. “Vale destacar que esses são eventos pontuais que não se perpetuam quando passam as datas. Mas em geral acredito que o resultado tende a ser maior do que a média histórica desses eventos separados”, aposta.