Ministros palacianos esboçaram plano para agradar ao presidente Lula da Silva e recuperar o controle da Eletrobras, recomprando ações mesmo que a alto preço, conforme a regra estipulada. Mas antes do curto-circuito na praça foram surpreendidos com uma visita, numa ofensiva dos sócios majoritários. Apresentando-se como interlocutor dos novos donos da elétrica, um deputado federal bateu às portas no Planalto e levou o seguinte recado: não haverá oferta para recompra, e os novos proprietários não querem guerra, desejam ser apenas bons sócios do Governo. A iniciativa enterrou qualquer esperança de o Governo avançar na proposta de reestatização da Eletrobras. O Governo já entendeu que o negócio não tem volta, e agora articula para conquistar o apoio de conselheiros dos fundos para aumentar o poder de voto além dos 10% aos quais tem direito, a despeito dos 46% na composição societária. Isso não quer dizer que Lula desistiu. Há outro plano: tentar comprar ações de acionistas minoritários.

Novos controladores da Eletrobras enviaram um emissário ao Planalto para informar que o negócio não tem volta. Mas Lula tentará acordo com fundos

Armas para o Governo?

TON MOLINA

Especialistas em segurança que têm batido ponto no Ministério da Justiça saíram pasmos de uma das reuniões na pasta na semana passada. Engendra-se nos altos gabinetes, com aval do Palácio, uma Portaria que permitiria à Polícia Federal recolher as armas compradas por CACs e atiradores esportivos desde 2019, sem reembolso ou com pífia indenização.

O jogo rasteiro na Câmara

Os bilhões de reais movimentados pelos sites de apostas esportivas – muitos deles hospedados no Exterior – motivaram alguns deputados federais a pedir assinaturas para uma CPI da Manipulação de Resultados. Mas antes de qualquer avanço regimental na Câmara, causou surpresa aos investidores a tentativa de aproximação desses parlamentares prometendo uma proteção na eventual comissão. Jogo baixo. Há informações de que um deles foi gravado por um executivo brasileiro. É a velha aposta de alguns políticos do “quanto pior, melhor” – para eles, evidentemente. Os sites são vítimas dos jogos armados, não protagonistas dos eventuais golpes.

Pai do Novo PAC é o tio das PPPs

Considerado o Pai do PAC – alusão à antecessora na pasta na Era Lula II, Dilma Rousseff, que tocou o plano –, o chefe da Casa Civil da Presidência, Rui Costa, entregou na semana passada ao presidente documento elencando as prioridades de cada Ministério para retomada de obras paralisadas. Um ofício considerado raso, por ora, por quem leu (veja no blog da Coluna). Nesse Novo Plano de Aceleração do Crescimento, Rui enumerou obras em rodovias, portos, concessão de aeroportos e saneamento básico. Nada de novo e impactante que apareça como marca da Era Lula III. Em linhas gerais, o Governo quer PPPs na praça.

Pacotão dos 100 dias: mobilidade

O evento dos 100 dias do Governo focará em obras de mobilidade, conforme documento de posse da Coluna (veja no site). O Ministério dos Transportes informou que injetou R$ 1,4 bilhão em obras nas BR-116 (BA), BR-163 (PR) e outras, e que avança em revitalização de 251 km. O de Portos e Aeroportos liberou R$ 69 milhões para melhorias nas pistas de Itacoatiara (AM), Joaçaba (SC) e Maués (AM). O Ministério de Minas e Energia, de Alexandre Silveira, criou o Sistema Permanente de Gerenciamento de Crises, e promete R$ 3 bilhões para linhas de transmissão e subestações em oito Estados.

Mico no Agrément para a Austrália

O Itamaraty cometeu gafe, que retirou do ar no site. Publicou que o Governo da Austrália concedeu agrément para um embaixador do Brasil que ocupou o cargo em 2018. Agora, o substituto será o embaixador Claudio de Matos Arruda, o Fred Arruda, ex-assessor internacional de Michel Temer.

Articulação pelos juros

A redução do teto de juros dos consignados dos aposentados e pensionistas do INSS, de 2,14% para 1,70% /mês, decidida pela Previdência, é encarada internamente pelo Governo como uma abertura para redução geral dos juros da economia, a despeito da gritaria dos bancões que interromperam os créditos. Só Fernando Haddad reclamou, por ora.

Vem pra(o) Caixa

As agências da Caixa Econômica Federal em Londrina, Maringá e Cascavel, cidades-polo do Paraná, custam caro, muito caro ao Governo. O banco vai pagar R$ 50 milhões à Lince Segurança Patrimonial (contrato nº 2097/2023) para serviços de vigilância das dependências de pessoas apenas nas unidades dessas cidades. Haja caixa.

Nos bastidores

Um olheiro em Natal Ministro Flávio Dino sabe o que é presídio sem controle. Quando assumiu o Governo do Maranhão, descobriu que um detento tinha chave da cela, e saía da cadeia todas as noites.

Tão longe, tão perto

Ex-governador do DF, Rodrigo Rollemberg (PSB) assumiu a Secretaria de Descarbonização no MDIC, mas está de olho num julgamento do TSE que pode lhe dar uma vaga para deputado federal nos próximos dias.

Vigia contra aloprado

Depois dos atos criminosos do 8 de janeiro, agora quatro vigias se revezam 24 horas no terraço do Congresso Nacional para evitar invasão de aloprados. Só a Câmara dos Deputados já gastou R$ 52 milhões com empresa de vigilância desde 2021.

Golpe na telinha

A Record Bahia demitiu três jornalistas acusados de desviar R$ 800 mil de doação para tratamento de saúde de uma criança. O cabeça do trio comprou uma BMW e furou uma blitz da PM há poucos meses.