10/02/2023 - 9:30
Se depender de Bill Gates, o metano na atmosfera deve diminuir. É que o último investimento da Breakthrough Energy Ventures, sua empresa de inovação em energia sustentável, foi na startup Rumin8. Produtora de um suplemento alimentar de algas vermelhas que inibe a emissão do gás por rebanhos bovinos, a empresa australiana recebeu cerca de R$ 60 milhões de Gates.
O metano é um dos principais gases de efeito estufa. Da quantidade de gás que é emitida pelo homem, cerca de 30% vem da atividade pecuária, sendo 95% fruto da eructação (arroto) do animal. Pensar em sua diminuição é tão urgente que na COP26, em 2021, 103 países assinaram o Compromisso Global pela Redução de Metano, com meta de diminuir 30% até 2030. O Brasil está entre os signatários.
O País, aliás, tem mais relação com o experimento do que se imagina. É na Unesp Campus de Jaboticabal que os primeiros testes vêm sendo realizados, e o zootecnista Ricardo Andrade Reis, professor responsável pelo experimento, vê potencial na aplicação em solo brasileiro.

“Para uma empresa que quer entrar no mercado global, é imprescindível testar o produto em condições brasileiras”, diz. O motivo é simples: o Brasil é o maior exportador de carne bovina do planeta, segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes.
Segundo Reis, o aditivo de algas não tem valor nutricional, mas impede que as arqueas — organismos presentes no rúmen, parte do estômago dos ruminantes — transformem hidrogênio e gás carbônico na substância nociva ao meio ambiente. “Um dos pontos-chave para o sucesso de um produto que inibe a metanogênese é que ele seja consumido diariamente, em uma quantidade específica”, explica.
De acordo com pesquisa publicada na Revista Plos One, 80% das emissões podem ser evitadas com o aditivo de algas. “Se iniciativas visando reduzir a emissão destes gases forem implementadas, podemos reduzir o impacto das alterações climáticas já em andamento”, alerta o biólogo e professor da Estácio, Leonardo Marconato.