13/01/2023 - 9:30
A onda do canicross ganha força na Inglaterra e no Brasil, depois de um início tímido de corridas de lazer, durante a pior fase da pandemia. Mas o esporte teve início na França em 1982, com o veterinário Gilles Pernound; virou competição em 1986, também na França, e agora ganha notoriedade mundial, com os adeptos falando dos benefícios físicos e mentais para as duplas de tutores e cães.
Mas, como pode ser esporte, se cachorros são de vários tamanhos (e os donos também)?! É esporte, sim, e pode ser praticado por qualquer pessoa, em qualquer idade, desde que em condições físicas para tal. Obviamente, antes de sair correndo com o cão é altamente recomendado que condutor e cão sejam submetidos a exames médicos, para saber se tudo está bem.
O educador físico Willian Oliveira corre atualmente com Tonha, uma cadelinha de 17 meses, mas já é um veterano na modalidade no Brasil. “Pratico o esporte desde 2013”, diz o atleta, que também forma outra dupla com o braco alemão Xico, que pratica o Bikejoring uma das modalidades do esporte. A dupla, inclusive, é vice-campeã latino americana. “Xico é um monstro”, derrete-se.
Segundo os amantes da modalidade, a prática é muitíssimo prazerosa, principalmente para quem gosta de atividade física ao ar livre. O esporte consiste em praticar corrida em terreno rústico, onde o tutor e cão estão em total harmonia. Cão e humano estão sempre atrelados, normalmente por um cinto, que se conecta à guia elástica, e essa fica presa ao colete de tração (Harness) no cão. A guia elástica reduz o choque em ambos, já que na maioria das vezes o cão é o mais veloz da dupla. “É uma conexão incrível que acontece entre o animal e o cachorro. É impressionante como eles se divertem”, frisa Carolina Carpi, fisioterapeuta e instrutora de Pilates, primeira colocada do Rocky Montain Games 2022, etapa Juquitiba, fazendo dupla com sua cadela Nala, uma border collie de 1 ano e 5 meses.
O Rocky Mountain Games é um festival de esportes de montanha que existe desde 2019 e reúne num só final de semana competições de diversas modalidades ‘off road’, e tem o canicross como uma delas.
Em toda a Europa há inúmeros clubes de canicross e corridas competitivas regulares. No Brasil, embora ainda seja relativamente novo, o esporte está crescendo. De acordo com o presidente da Abcaes (Associação Brasileira de Canicross e Esportes Similares), Daniel Marimon Boucinha, hoje já existem, entre praticantes e simpatizantes, pegando como referência as redes sociais dos grupos/equipes, cerca de 100 mil adeptos. “O esporte conta com competições que reúnem fãs e um regulamento rigoroso para proteger a saúde do cão e do tutor”, explica o presidente, ressaltando que desde a fundação da entidade estão com 13 estados associados.

A empresária Andréia Ribeiro, proprietária do resort para cães Chácara Ribeiro, desde 2014 pratica corrida e se tornou atleta de canicross depois de adotar o Woody, um braco alemão de pelo curto. “Faço dupla com o Woody desde junho de 2022, e logo em nossa primeira prova oficial ficamos em primeiro lugar. Woody ama o esporte, foi muito fácil iniciá-lo e introduzir as técnicas de direção e foco” declara. A dupla tem tanta sintonia que ficou em terceiro lugar no Campeonato Brasileiro de Canicross, em agosto de 2022.
O canicross é um ótimo esporte para a maioria dos cães. Algumas raças são canicrossers naturais, como os huskies, mas até raças como chihuahuas são conhecidas por se envolverem e adorarem o esporte. No entanto, existem algumas exceções, como filhotes e cães idosos com alguma dificuldade ao andar.
A próxima etapa do Rocky Mountain Games acontece em Campos do Jordão dias 1º e 2 de abril.