Na área especifica da saúde pública, os brasileiros foram contemplados na semana passada com uma excelente notícia: finalmente tem-se uma vacina totalmente nacional contra a Covid. Trata-se do mesmo imunizante produzido pelo laboratório sueco-britânico AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford, na Inglaterra, só que nesse momento com os ingrediente farmacêutico ativo (o famoso IFA, já tão conhecidos de todos nós) feitos pela Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro. Ao custo de R$ 1,9 bilhão, toda a tecnologia nascida em Oxford foi transferida para a Fiocruz, uma das mais tradicionais instituições de pesquisa científica do Brasil.

 

FÁBRICA Laboratório e pesquisadores da Bio-Manguinhos estão aptos para produção: primeiro lote já foi entregue (Crédito: Ricardo Borges)

Se o novo coronavírus ainda resiste em nos deixar em paz, saber que o País não mais dependerá da importação de insumos para a fabricação dessa vacina nos faz respirar melhor e mais aliviados – até porque, com o governo federal e o Ministério da Saúde que temos, que sem o menor escrúpulo ideologizaram a pandemia, cada vez que se necessita trazer do Exterior lotes de IFA significa enfrentar negacionismos e boicotes.

Agora, claro que o ministro Marcelo Queiroga correu vacinar as primeiras quatro pessoas com o imunizante nacional, para fazer a demagógica mise-en-scène de sempre. Tudo bem, ministro, já sabemos de sua incompetência. Show de alegria, mesmo, foi ver a infectologista e pediatra Sue Ann Clemens, que pertence à Fiocruz e é uma das maiores autoridades do mundo no campo científico, vacinar outros dois indivíduos. Queiroga, o senhor é só Queiroga; Sue Ann Clemens é Sue Ann Clemens.
O primeiro lote com quinhentas e cinquenta mil doses já saiu dos laboratórios da Fiocruz para o Ministério da Saúde, que o distribuirá aos Estados. Anteriormente, devido à necessidade de importação do princípio ativo da China e da Índia, cada dose saía por US$ 6. Dona da metodologia, a Fiocruz agora despenderá em cada dose US$ 5,27. “É um marco da autossuficiência brasileira e do fortalecimento do complexo econômico industrial da saúde”, diz Nísia Trindade Lima, presidente da Fiocruz. O Estado de São Pulo foi pioneiro na salvação dos brasileiros com a importação de insumos da vacina Conoravac e seu envasamento pelo Instituto Butantan. Some-se a isso a autonomia conquistada pela Fiocruz na produção de imunizante com a mesma plataforma da AstraZeneca. São dois momentos que traduzem fragorosa derrota dos coveiros do negacionismo.