A tecnologia tem sido uma grande aliada dos beatlemaníacos. Após o sucesso de Get Back, série documental do diretor Peter Jackson editada a partir de cenas que não estavam no filme original, novo lançamento tem causado alvoroço entre os fãs do quarteto: a versão remixada e expandida de Revolver, de 1966. Tido como um dos mais revolucionários álbuns dos Beatles – artistas como Noel Gallagher, do Oasis, consideram-no o melhor trabalho da banda – o disco teve a qualidade de áudio melhorada graças às inovações utilizadas em Get Back. Por meio de um software de inteligência artificial, criado pelo engenheiro Emile de la Rey, foi possível separar com perfeição o som dos instrumentos. Na época, os Beatles gravavam vozes e instrumentos de forma sobreposta. Como tinham apenas quatro canais, os sons ficaram misturados, como uma única massa sonora. Pelo fato de haver diversos áudios em cada canal, era impossível isolá-los para remixá-los de maneira independente. O novo sistema, que permitiu essa separação, chamou a atenção do produtor Giles Martin, filho de George Martin, maestro e arranjador original dos Beatles. O resultado de sua nova remixagem, já disponível no streaming e em CDs físicos, conseguiu algo que até pouco tempo era considerado impossível: melhorar ainda mais a qualidade sonora de Revolver, que já era perfeita.

“Alquimia”, define produtor

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O produtor Giles Martin (foto) enviou ao engenheiro Emile de la Rey a faixa Taxman. Recebeu de volta os áudios isolados, com as vozes, o baixo, as guitarras e a bateria, além dos efeitos sonoros. “É pura alquimia”, definiu. “Trabalhamos juntos até aperfeiçoar o processo, que então foi aplicado ao álbum inteiro.” O próprio Paul McCartney se beneficiou do recurso na nova turnê: graças à tecnologia, ele fez um dueto “ao vivo” com John Lennon, morto em 1980, na canção I’ve Got a Feeling.