O ano de 2022 marca os 100 anos de uma das mais importantes descobertas da história da arqueologia: a tumba do faraó Tutancâmon, no Vale dos Reis, na cidade de Luxor, localizada na região sul do Egito. Para celebrar e dar a dimensão da conquista científica foi aberta uma exposição sobre o tema na Biblioteca Bodleiana da Universidade Oxford. A mostra Tutankhamon: Excavating the Archives (Tutancâmon: Escavando os Arquivos) apresenta diversas imagens de materiais de pesquisa do egiptólogo britânico Howard Carter, responsável por encontrar o local em que o jovem faraó estava sepultado. O visitante pode ver como ocorreram às expedições como se estivesse olhando pelas lentes do fotógrafo, o também britânico Harry Burton (1879-1940), que documentou as escavações em 1922.

PROTAGONISMO Howard Carter observa a múmia do jovem faraó: ele não trabalhou sozinho (Crédito:Divulgação)

Além de exibir as muitas cartas, planos de ação, desenhos, além de outros objetos utilizados durante a expedição, o museu tentou demonstrar que Carter não realizou o feito sozinho. Houve trabalhadores egípcios que participaram das escavações que, no entanto, permaneceram anônimos. “Sim, centenas de trabalhadores braçais e acadêmicos que participaram, mas ficaram em segundo plano” diz Sheila Mendonça de Souza, médica e bioarqueóloga da Fiocruz. Ela entende que Carter foi visionário porque acreditou que ainda haveria uma tumba intacta no local.

“Documentos de época, como as fotografias são registros que permanecem úteis”, diz. A ideia principal da exposição é colocar em debate esse anonimato e discutir o papel dos coadjuvantes da expedição. Uma das imagens da apresentação é de um garoto jovem que usa um grande colar dentro do sarcófago do faraó, o que simboliza a união entre a antiguidade e a modernidade egípcia. As especulações dão conta de que se trata de Hussein Gurna, que pertencia à equipe de Carter, porém a afirmação carece de confirmação.

Agora, a mostra traz também imagens especiais como a do caixão do monarca, mas do lado externo, onde se vê uma guirlanda de flores e folhas de oliveiras. Também há fotos de objetos naturais que acompanhavam a múmia. Tutancâmon reinou na XVIII Dinastia, de 1550 a 1307 a. C. a partir dos 10 anos de idade. Ele sucedeu Akhenaton, seu pai, governante que impôs grande mudança religiosa na sociedade, que passou a cultuar apenas um deus, Aton, uma representação do sol. Ao ascender ao trono, Tutancâmon reabriu os templos e o politeísmo retornou.