14/10/2022 - 9:30
Lançado em 2006, o primeiro álbum da banda britânica Arctic Monkeys chamava-se Whatever People Say I Am That’s What I am Not (O que as Pessoas Dizem que eu sou é Aquilo que eu não sou). Hoje, 16 anos depois, o grupo liderado pelo genial Alex Turner prova que o título era profético: o novo disco, The Car, mostra que, ao contrário da maioria dos artistas que estão no topo das paradas, eles não têm medo de inovar.
Em 2018, já haviam lançado o melhor disco do ano, Tranquility Base Hotel & Casino, uma joia cujas letras narravam o dia a dia de uma base lunar no futuro, abandonada e decadente. O estilo retrô-futurista trazia uma sonoridade original e dramática, bem diferente do rock independente que lhes trouxe a fama.
A proposta de The Car vai ainda mais longe: Turner admitiu que “desligou” o lado rock da banda e transformou o Arctic Monkeys em uma banda de soul dos anos 1970. Ele diz que é o som que “ouvia na infância” – seu pai era saxofonista de jazz. Os primeiros singles, There’d Better be a Mirror Ball e Body Paint, anunciam essa viagem sonora ao passado. Baladas como Big Ideais e Mr. Schwartz, no entanto, são obras-primas melódicas. Repletas de orquestrações e harmonias complexas, provam, mais uma vez, que tudo que as pessoas diziam que o grupo Arctic Monkeys era, é exatamente aquilo que eles não são.
The Car, o álbum do ano

Ao comentar a mudança de estilo em The Car, Alex Turner disse apenas: “temos de estar confortáveis de que nem tudo se resume a canções pop”. Seria fácil para o Arctic Monkeys seguir com o estilo que lhe trouxe fama. Mas Turner não é o rockstar convencional: está mais para um músico inquieto que busca se desafiar a cada disco, como são os grandes artistas. Em vez de criar riffs na guitarra, como fazia, optou por compor as canções ao piano, criando então os arranjos de cordas em parceria com o produtor, James Ford. O resultado é o belo e melancólico The Car, o álbum do ano.