A genética não deixou alternativas para Riley Keough. Neta de Elvis Presley, ela estava fadada a se tornar uma estrela do rock. Filha da cantora Lisa Marie Presley com o baixista Danny Keough, a artista de 33 anos cresceu em meio à realeza do showbiz numa família perseguida sem trégua pelos paparazzi. Basta dizer que, aos cinco anos de idade, seu padrasto era ninguém menos que o cantor Michael Jackson. Aos 13, sua mãe casou-se com outra celebridade, o astro de Hollywood Nicholas Cage.

Como muitas filhas e netas de personalidades, Riley aventurou-se como modelo na adolescência. Foi capa da revista Vogue e participou em Paris de desfiles das grifes Dolce & Gabbana e Christian Dior. Cinco anos depois, largou tudo e começou a conquistar seu espaço nas telas como atriz em The Runaways. A produção tinha como enredo a história real de uma banda de rock formada apenas por mulheres, com Joan Jett e Lita Ford nos vocais e guitarras. Após fazer pontas em filmes como Mad Max: Estrada de Fúria e Magic Mike, caiu em seu colo o papel que lhe transformaria em uma estrela de primeira grandeza. Riley é a protagonista da recém-lançada Daisy & The Six, a série de maior audiência da plataforma Amazon Prime. Inspirada pelo livro homônimo de Taylor Jenkins Reid – no Brasil ele ganhou o subtítulo Uma História de Amor e Música – a obra mostra um grupo cuja carreira está empacada, até que o empresário sugere que juntem forças com Daisy, uma novata e talentosa compositora. A parceria que ela estabelece com o líder do grupo, Billy Dunne (Sam Claflin), leva a uma súbita ascensão – e a uma queda mais rápida ainda, turbinada pelos excessos do álcool e das drogas. É uma atuação corajosa, uma vez que esse problema levou seu avô Elvis à morte, aos 42 anos, em 1977.

ÍCONE Elvis Presley, vítima dos excessos da fama repentina: problemas com álcool e drogas levaram o cantor à morte, aos 42 anos, em 1977 (Crédito: Archives du 7eme Art )

O elogiado desempenho de Riley não ficou restrito ao seu trabalho como atriz. Em uma brilhante jogada de marketing, o disco lançado na ficção acabou se tornando um hit também na vida real. As canções do álbum Aurora, entre elas Look at us now (Honeycomb) e Let me Down Easy, chegaram ao topo das paradas musicais e trouxeram dois milhões e meio de seguidores para um grupo que sequer existe na vida real. Será que o próximo passo será uma turnê de verdade? Daisy contou com a ajuda de profissionais renomados do mercado fonográfico. O produtor Blake Mills, que já trabalhou com Fiona Apple e Sky Ferreira, inspirou-se no estilo do Fleetwood Mac para criar os sons mostrados na série, repertório marcado pela cultura “paz e amor”, bastante popular nos anos 1970. Participaram ainda do processo nomes como Phoebe Bridgers e Marcus Mumford, vocalista do Mumford & Sons.

E Riley Keough, de onde tirou sua inspiração? Engana-se quem pensa que ela buscou a imagem do seu avô, o rei do rock, ou mesmo das figuras femininas da época, como Steve Nicks, Suzi Quatro ou as irmãs Ann e Nancy Wilson. “Não queria olhar apenas para mulheres”, afirmou Riley à imprensa norte-americana. “Procurei influência em Jimi Hendrix e nos músicos do Led Zeppelin, porque senti que Daisy estava à frente de seu tempo. As situações que as mulheres tinham de enfrentar naquela época eram muito difíceis”. A neta de Elvis teve mesmo a quem puxar.

Avó e neta em guerra pelo espólio de Elvis

VALERIE MACON

A morte da mãe de Riley Keough, Lisa Marie Presley (acima), em janeiro, abriu uma guerra pelo espólio de Elvis. O testamento prevê que a herança seja administrada de forma exclusiva por sua filha Riley, o que desagradou a mãe de Lisa Marie. A avó de Riley, Priscilla, ex-mulher de Elvis, entrou com uma ação tentando reverter a situação e impedindo a neta de acessar a fortuna. A desavença entre avó e neta começou no funeral de Lisa Marie. Priscilla teria convidado Michael Lockwood, o que desagradou Riley. O músico foi seu padrasto entre 2006 e 2016, mas o casamento com Lisa Marie terminou de forma litigiosa.