CONSUMO Moda country lucra com fama de peões pantaneiros (Crédito:Caio Guatelli)

A novela Pantanal ultrapassou as barreiras da TV e agora dita moda, estimula viagens para a região Centro-Oeste e chegou às escolas de equitação. No comércio popular, o animal print é um reflexo da influência da saga de José Leôncio (Renato Góes/Marcos Palmeira). Estampas de oncinha estão em roupas e até cadernos, uma referência da personagem Maria Marruá (Juliana Paes). O sucesso da novela, que exalta a beleza de uma terra devastada por incêndios nos últimos anos, está promovendo a cultura pantaneira e aumentando muito a curiosidade pelas paisagens e pelos costumes locais. Há, por exemplo, um crescimento no turismo. “O número de visitantes só cresce”, diz Carolina Coelho, diretora de turismo da Fazenda San Francisco Agro Ecoturismo, no Pantanal do Miranda, em Mato Grosso do Sul. “Quase não temos vagas para julho. As pessoas estão se encantando com a beleza e valorizando esse trabalho por aqui. Assim como a primeira novela, essa segunda terá esse efeito no turismo”, analisa. Além de hospedagem e pacotes, a fazenda tem experiências que agradam qualquer curioso. O lugar tem, por exemplo, o programa de um dia em que é possível fazer um safári e andar de chalana com um guia pantaneiro. “Os turistas brincam quando observam a sucuri. Fazem vídeos e dizem: ‘estou aqui com o Velho do Rio (Osmar Prado)’”, conta Carolina. O passeio tem valor médio de R$ 238.

Em São Paulo, o restaurante Sobaria, em Mirandópolis, teve aumento de 30% no número de clientes por servir as delícias exibidas no horário nobre. Jean Rodrigo Haddad, proprietário, está satisfeito. “A novela já mostrou a chipa [pão de queijo sul-mato-grossense], a churrascada, o macarrão de comitiva e o tereré. Temos tudo isso aqui. Servimos o tereré na cuia, feita a partir do chifre de boi”, divulga. Aos entusiastas: o lugar tem caldo de piranha ao preço de R$ 39,20.

SAFÁRI Onça-pintada é observada por turistas da Fazenda San Francisco Agro Ecoturismo (Crédito:Edir Alves)

Embalo sertanejo

A interferência de Pantanal reverbera no country. Na capital paulista, a loja Bovitik Farm & Ranch, em Perdizes, registrou mais vendas de berrantes e selas de cavalo. Andrea Bovitik, gerente, observa que o folhetim desperta a união famíliar. “Vejo muitos pais querendo ensinar o filho a tocar berrante. A venda de cavalo melhorou por causa disso. Há a procura por sítios, fazendas e chácaras para ter essa experiência que a televisão mostra”, detalha. E ela entrega uma dúvida interessante que já ouviu dos clientes. “Perguntam: ‘vocês têm o chapéu do Tibério (Guito)?”, diverte-se. Na boutique de luxo, o acessório desejado sai por R$ 250. Os berrantes variam de R$ 80 a R$ 2 mil. As selas têm valor inicial de R$ 1.600. Este último item, aliás, é necessário aos que frequentam a Sociedade Hípica Paulista, que ganhou mais alunos iniciantes de equitação nas últimas semanas. “As pessoas observam outra andando a galope e acham que é fácil. Aqui acabam entendendo que existe uma técnica para galopar bonito ao pôr do sol”, diz a administradora Renata Souza. A escola tem hoje 640 matriculados.

Pantanal impacta o mercado da beleza e da moda também. O cabelo de Juma (Alanis Guillen), é desejado pelas ondulações selvagens. O cabeleireiro Rodrigo Cintra, do The Art Salon, em São Paulo, confirma que a vontade atual é “cacho com volume”. Nas unhas, a especialista em nail art Kledia Amorim Costa, do E.HOficial, destaca que a decoração de oncinha é tendência podendo ser feita por “R$ 40 nos salões populares”. Do figurino dos personagens, os braceletes de Guta (Julia Dalavia) são comercializados por ambulantes. Para os homens, o estilo peão foge do ambiente rural. O fato faz pessoas como Everton Neguinho, apresentador de rodeios, comemorar. “Hoje, ser agroboy é estar na moda”, celebra. A música também está no topo da lista de consumo. Segundo dados do Spotify, a faixa Chalana, de Roberta Miranda, teve acréscimo de 828% nos streams de 29 de março a 20 de junho. “Me surpreendi com o disparo nos digitais. Está sendo muito bom e renovei meu público.” É a febre pantaneira.

Objetos de desejo

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