Há vidas tão extraordinárias que parecem peças de ficção saídas da cabeça de algum criativo roteirista. A de Sebastião Rodrigues Maia é uma delas. O documentário Vale Tudo com Tim Maia, produção composta por três episódios e disponínvel na Globoplay, avisa logo no início: “Essa série contém apenas as versões de Tim Maia para os fatos ocorridos na vida de Tim Maia”.

Além das dezenas de imagens inéditas, o material vale pelo formato original da narrativa, que coloca o próprio artista para contar a sua história por meio de uma voz em off editada a partir de entrevistas. A direção é compartilhada entre o jornalista Nelson Motta, autor da biografia Tim, e o cineasta Renato Terra, que tem se especializado em resgatar capítulos marcantes da música popular brasileira.

Ele dirigiu Narciso em Férias, sobre o período em que Caetano Veloso ficou preso pelo regime militar, Uma Noite em 67, sobre os grandes festivais, e O Canto Livre de Nara Leão, sobre a musa da bossa nova. Nascido na Tijuca (RJ) em uma família de 18 irmãos, Tim Maia montou um grupo de rock com Roberto Carlos antes de viajar aos EUA – fingindo ser padre – para tentar a sorte como cantor.

Lá, foi preso por porte de drogas e deportado de volta ao Brasil, onde foi detido novamente. Nada disso, no entanto, apaga o talento desse artista que foi pioneiro do soul e da black music no País.

Comédia dançante

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Difícil dizer se Vale Tudo com Tim Maia é uma série de humor ou um musical. A trilha sonora é ótima, mas o tom humorístico com que o cantor conta seus casos torna o riso inevitável. “É um mergulho no estilo original e na genialidade musical de Tim. O jeito que ele narra as histórias é de chorar de rir, uma espécie de stand up comedy dançante”, diz Terra (na foto acima, à dir., ao lado do co-diretor Nelson Motta). Apesar da alegria, não há final feliz: ele morreu em 1998, aos 55 anos, obeso e com infecção generalizada.