01/03/2019 - 9:30
Não foi por acaso que o presidente Jair Bolsonaro escolheu Fernando Bezerra Coelho como o líder do governo no Senado. O senador é do Nordeste e do MDB, um partido da política tradicional. Residem exatamente nesses dois pontos as dificuldades maiores que Bolsonaro tem no momento para fazer deslanchar sua proposta de reforma da Previdência. É no Nordeste de Bezerra que o governo tem ainda sua aprovação mais baixa. E é do Nordeste também que vêm as maiores pressões dos partidos aliados por cargos, verbas e as demais benesses do velho balcão de negócios. Parlamentares da base nordestina têm alertado da dificuldade de apoiar a reforma em uma região carente, onde a economia de muitos municípios é sustentada por aposentadorias, especialmente rural.
Pragmático
Esses parlamentares têm lembrado que o eleitor nordestino é pragmático. “Não importa o nome do santo. Eles querem saber do milagre”. Ou seja: carentes, esses eleitores costumam ser gratos aos benefícios que recebem. Se sentem que têm contrapartidas, apóiam o governo, independentemente da sua coloração ideológica.
Recados
Foi assim que mudaram para o PT de Lula, nos quais antes não votavam. No fundo, o que esses parlamentares querem dizer com esses recados é que eles também, à sua forma, são também pragmáticos. Também olharão com bons olhos o governo se houver contrapartida. Em cargos e verbas de órgãos como, por exemplo, o DNOCS.
Sem aposentadoria

O deputado Capitão Derrite (PP-SP) protocolou um documento esta semana na Câmara abrindo mão de qualquer aposentadoria especial a que tenha direito ao final do seu mandato. O fim desse privilégio está em discussão no Congresso, com chances de ser aprovado, mas preservando os atuais parlamentares. Para Derrite, porém, é preciso dar o exemplo, cortando na própria carne.
Rápidas
* A deputada Bia Kicis (PSL-DF) elogiou a aprovação do protocolo adicional ao Tratado de Amizade entre Brasil e Portugal, que cria o Prêmio Monteiro Lobato de Literatura Infanto-Juvenil. Para ela, uma justa homenagem ao criador do Sítio do Picapau Amarelo.
* Em janeiro, a obra de Lobato caiu em domínio público, e diversas novas publicações do seu trabalho estão programadas. O Prêmio Monteiro Lobato distinguirá autores brasileiros e portugueses que se destacarem.
* O senador Eduardo Girão (Pode-CE) aprovou requerimento na Comissão de Transparência e Controle para começar a abrir, como diz, a “caixa preta” das destinações de recursos do BNDES., muito usados politicamente.
* Girão convocará para depoimentos o presidente do BNDES, Joaquim Levy, e o presidente do Tribunal de Contas da União, ministro José Múcio Monteiro. Os depoimentos vão ocorrer depois da semana do carnaval.
Retrato falado

Assim o deputado Heitor Freire (PSL-CE) respondeu a uma moça que recolhia assinaturas de apoio a um projeto. Heitor disse a ela que é o “terror do Partido dos Trabalhadores”. Ele chegou a pedir a extinção da legenda comandada por Lula. “O que eles fizeram de bom para o Brasil?”, disse ele ao explicar a recusa da assinatura. Embora tenha evitado dizer o nome do autor, a moça admitiu que o projeto para o qual recolhia assinaturas era, de fato, de um parlamentar do PT.
Nem na ditadura
A segurança do vice-presidente Hamilton Mourão causou grande mal-estar com a imprensa em São Paulo, na tarde de terça-feira 26, durante evento na Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Defesa (Abimde). Antes desse evento, Mourão iria ao Palácio dos Bandeirantes encontrar-se com o governador João Doria. Em função do mau tempo, Mourão teve dificuldades para pousar e sua agenda atrasou, obrigando o cancelamento do encontro com Dória. Os jornalistas que lá estavam tiveram que correr para o evento da Abimde. Em função do caos no trânsito em São Paulo, por causa das chuvas, os jornalistas chegaram atrasados. Foi aí que a segurança de Mourão foi intransigente.
Despreparo
Alegando que a solenidade já havia começado, a segurança não permitiu a entrada. Até mesmo a EBC, empresa do governo, foi proibida de entrar. Ficaram de fora também dezenas de convidados. Certamente, Mourão não deu essa ordem e nem sabia o que estava acontecendo na porta do clube militar.
Enganou Bolsonaro
O deputado estadual Gil Diniz, líder do PSL na Assembleia de São Paulo (Alesp), está sendo alvo de fogo amigo. Durante a campanha do ano passado, Diniz conseguiu que Jair Bolsonaro, em visita a Barretos, gravasse um vídeo em apoio à sua candidatura. Só que Bolsonaro não sabia que ele era ligado à direção do esquerdista Sindicato dos Trabalhadores dos Correios. Foi enganado.
Disputa
Colegas de partido de Diniz estão espalhando o perfil. O sindicato é ligado à Central Brasileira dos Trabalhadores, dominada pelo Partido da Causa Operária (PCO). Na disputa pela presidência da Alesp, Diniz apoia a candidatura de Janaína Paschoal, que enfrenta Cauê Macris (PSDB), candidato do governador João Doria e favorito na disputa.
Yeda no comando

Ao final de um curso de capacitação ministrado pela Fundação Konrad Adenauar na semana passada, a ala feminina do PSDB resolveu lançar a ex-deputada Yeda Crusius, que preside o PSDB Mulher, à presidência do partido. Para as mulheres, seria uma opção ligada às raízes históricas dos tucanos. O favorito, contudo, é o deputado Bruno Araújo.
Toma lá dá cá
Deputado Mauro Benevides Filho (PDT-CE)
O senhor foi o principal consultor econômico da campanha de Ciro Gomes á Presidência. Qual sua avaliação sobre a reforma da Previdência?
Nossa proposta previa um pilar social no valor do salário mínimo. Previa também que se houvesse um modelo de capitalização ele teria que ter contribuição de empregado e de patrão. Sem isso, não tem como aceitar.
Tem que estar na Constituição?
Tem que estar. Não dá para aprovar a reforma sem isso e esperar que venha por legislação complementar.
Porque aí é cheque em branco. Há outras questões também além dessas.O PDT é contra a reforma?
O PDT entende a necessidade da reforma. Mas considera que algumas questões básicas têm que estar incluídas.