01/06/2005 - 10:00
E pensar que tudo começou há sete anos, quando o empresário paulista Fernando de Arruda Botelho reuniu amigos fanáticos por aviação em sua fazenda em Itirapina, região do interior de São Paulo tomada por imensas propriedades, a 200 quilômetros da capital. Na sétima edição, realizada de 20 a 22 de maio, a reunião de amigos de Botelho ganhou corpo, músculos e tornou-se a maior feira do setor aeronáutico do Brasil. O VII Broa Fly-in perdeu a magia do encontro de aviadores (o conceito fly-in do nome), mas ganhou muito em negócios. O próprio setor de aviação, antes destaque total, agora divide espaço com mais de 150 expositores, que mostram seus produtos e serviços em estandes montados dentro do hangar de uma maneira estratégica que obriga o visitante a percorrê-lo por inteiro.
Vende-se de tudo. De seguros de saúde e carne congelada de gado nelore até serviços de mágica e de conforto espiritual (sim, há um estande religioso). Todos estão de olho no seleto público que estacionou suas aeronaves (foram 300, 120 só no sábado 21) para participar do evento – que consumiu R$ 3 milhões e ocupou 3,7 mil metros quadrados da magnífica fazenda de Botelho, que conta com resort e campo de golfe.
Com a dimensão que a feira ganhou (há shows da Esquadrilha da Fumaça da
Força Aérea Brasileira – FAB – e acrobacias aéreas), o público de mais de 14 mil pessoas não é mais tão elitizado como nos encontros anteriores, mesmo o evento sendo fechado. Empresários como Paulo Setúbal, da Itautec, assistem aos shows junto com o “povão”. Entre os cerca de US$ 32 milhões movimentados em negócio, destacam-se os celulares (há um modelo exclusivo para a feira), a venda
de um avião monoturbina Pilatus PC-12 de US$ 3,2 milhões e de um terreno de
4,9 mil metros quadrados na paradisíaca praia de Trancoso, na Bahia, pela
bagatela de R$ 4 milhões.
A intenção do evento não é apenas aproximar compradores e vendedores. “A nossa estratégia é criar uma feira de aviação que seja longeva. Por isso, o evento não gira só em torno dos aviões, agregamos entretenimento e educação”, disse Bernardo Diament, da Conquista, empresa que organiza o Broa. O homenageado da vez, Santos Dumont, ganhou um pequeno museu, onde famílias alegres passeiam, aguardando para comprar seus produtos nos estandes e delirar com as exibições de caças da FAB, que rasgavam o céu em constantes rasantes.