06/06/2007 - 10:00
ISTOÉ – Como a sra. reagiu à relação extraconjugal de seu marido?
Verônica Calheiros – Conheço o Renan há mais de 30 anos. Não somos recém-casados. Eu o conheço profundamente e ele a mim. Se estamos juntos até hoje é porque há mais afinidade entre nós, admiração do que o contrário. Claro que mulher nenhuma gostaria de passar por isso. Claro que a auto-estima na hora vai lá embaixo. Só quem passa por essas coisas sabe como é que é. Sofri muito, tive problemas de saúde, engordei 20 quilos. Mas perdoei porque conheço o caráter de meu marido, como pai, como companheiro. Um erro, um pecado, não apaga toda uma vida. Naquela hora, passou um filme em minha cabeça. Lembrei de nossa juventude, do início de tudo, de tudo que nós construímos juntos, dos filhos e aí uma coisa ficou inteiramente clara para mim: tenho que salvar o meu casamento, tenho que salvar a minha família. Perdi essa batalha, mas não posso perder a guerra: e perder a guerra é perder aquilo que tenho de mais sagrado e que amo com todo o meu coração, os meus filhos, a minha família, o pai deles, o meu marido.
ISTOÉ – Por que resolveu apoiá-lo?
Verônica – As pessoas que me viram entrando no plenário do Senado, no dia em que o Renan fez o seu mea culpa público, podem pensar que meu apoio começou naquele momento. Mas foi bem antes, logo no início. Acho que meu primeiro apoio foi fazer com que Renan pensasse e, sobretudo, agisse com a cabeça de uma mulher. Se eu estivesse no lugar dela, o que eu acharia digno que o pai da criança fizesse? Fui, assim, a primeira pessoa a pedir ao Renan para antecipar o teste de DNA. Eu defendi que ele entrasse com o pedido de reconhecimento de paternidade na Justiça. E ele seguiu rigorosamente essa linha. Sabe uma outra coisa que me deixou muito triste nesses dias? Sofri com a exposição pública de nossa intimidade, sofri com os ataques ao Renan, sofri com a perda momentânea de paz dentro do nosso lar, mas sofri também pela criança. Se tudo isso está acontecendo por causa de um pedido de mais dinheiro, quero fazer uma proposta de coração aberto: eu aceito compartilhar a guarda da criança. Ela tem o direito de ser feliz, de ter um pai e não tem nenhuma culpa do ódio de uma pessoa adulta ou do pecado que o Renan confessou a mim, ao Senado e à Nação.
ISTOÉ – Qual a importância da sua presença no Senado?
Verônica – Só vou ao Senado em circunstâncias especiais, quando há uma cerimônia que justifique. Mas, nesse caso, fiz questão de ir, contrariando até o Renan. Quando vi toda a nossa vida íntima totalmente devassada no horário nobre, achei que não era eu que estava entrando no Plenário. Era a politicagem que estava tentando destruir a nossa família. Então, nada mais natural do que estar lá, ao lado dele, em mais uma dificuldade da vida que enfrentamos juntos. Queria estar ali para abraçá-lo. Não posso deixar que a politicagem destrua a nossa família.
ISTOÉ – Agora público, o caso volta a constrangê-la?
Verônica – Eu já sabia de tudo, então, de certa forma, não houve surpresa em relação aos fatos em si, mas sim em ver esses fatos da nossa vida pessoal sendo tema do noticiário. Eu ficava me perguntando: onde há o interesse público, o interesse da Nação numa questão da vida conjugal de duas pessoas? O maior constrangimento foi quando atacaram o meu filho, Renanzinho, prefeito de nossa cidade, destacado aluno da UnB, economista muito talentoso, um jovem, que não tinha nada a ver com essa penitência que nós estamos atravessando. Eu realmente chorei porque, assim como a criança, ele e os irmãos dele não poderiam ser atingidos, como infelizmente foram. A coisa é tão brutal que os meus dois filhos mais novos tiveram conhecimento do fato apenas no dia da matéria. Eu estava tentando prepará- los para que soubessem na hora mais adequada, do melhor jeito. Mas essa invasão de nossas vidas me impediu, como mãe, de fazer o que seria melhor para os meus dois filhos queridos. Agora, a única coisa que eu quero é que eles não sofram nenhum trauma.
ISTOÉ – Como seu marido vai superar o momento? O caso o enfraquece?
Verônica – Não enfraquece, não. Acho que Renan vai até se fortalecer, porque ele fez uma opção pela verdade. Fez o que muitos fazem questão de ocultar: confessou o pecado, pediu desculpas a mim, à família, ao Senado e à Nação. Renan foi o primeiro homem público da história do Brasil que teve a coragem de assumir o seu pecado publicamente.
ISTOÉ – Mônica Veloso teria contratado seguranças. Isso tem relação com alguma ameaça ou agressão física que ela sofreu da sra.?
Verônica – Olha, eu fui vítima de vários telefonemas anônimos. Para ser totalmente honesta, não posso dizer que todos eram dela. Pode ter havido, em algum, alguma troca de insultos, mas a minha formação evangélica faz com que eu abomine a violência. Como eu sempre agi de boa-fé, nunca gravei nenhum telefonema com as ofensas que recebi, de quem quer que seja. Tenho apenas a minha vida para mostrar.