09/08/2006 - 10:00
Falar é uma função tão natural que só nos lembramos que ela também precisa ser cuidada quando algo de errado acontece e, de repente, não conseguimos nos comunicar ou encontramos dificuldades para emitir qualquer som. Nesses casos, estava disponível até agora apenas a ajuda de um bom médico ou fonoaudiólogo. Mas uma novidade vai aumentar o leque de recursos para auxiliar na recuperação da voz. Trata-se de um programa de computador que mostra com detalhes a dinâmica das cordas vocais – como elas se movimentam e sua amplitude –, diagnosticando anormalidades. Isso é importante na hora de planejar uma intervenção cirúrgica porque fornece aos especialistas informações precisas do grau e da localização de eventuais lesões.
Além disso, o programa faz uma simulação de como ficará a voz do paciente após a operação. Pode parecer só um detalhe, mas não é. De acordo com os médicos, é difícil convencer os indivíduos a passar por um procedimento cirúrgico porque eles têm medo de que a voz sofra alguma alteração após a cirurgia. “Com essa tecnologia eles se sentirão mais seguros”, acredita o otorrinolaringologista Domingos Tsuji, chefe do Departamento do Grupo de Voz do Hospital das Clínicas de São Paulo. O especialista coordena os testes feitos na instituição paulista para dar os aprimoramentos finais ao programa. O software foi desenvolvido pelo engenheiro Arlindo Neto Montagnoli, da Escola de Engenharia da Universidade Federal de São Carlos, no interior de São Paulo. Segundo ele, o som reproduzido pelo programa respeita características como o tom da voz de cada pessoa. “Não fica parecida com voz de computador”, garante.
Boa parte das doenças da laringe é decorrente do cigarro, do álcool e do uso incorreto da voz. O hábito de falar alto ou gritar desnecessariamente, por exemplo, gera um esforço que pode lesar as cordas vocais. Problemas como nódulos ou pólipos (lesão benigna caracterizada pelo crescimento anormal de um dos lados das pregas vocais) são algumas das conseqüências dessas agressões. “Toda lesão pode levar a uma alteração definitiva da voz. Mas parte desses problemas pode ser resolvida com fonoterapia, método que ajuda a exercitar os músculos da laringe”, afirma Tsuji. Cuidados como falar em tons médios, manter o organismo hidratado, evitar choques térmicos e adotar o canto como terapia garantem vida longa à voz.