28/05/2008 - 10:00
Bastaram algumas pedaladas em Paris para o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), confirmar que as bicicletas já utilizadas por muitos cariocas podem ser uma boa alternativa de transporte público. Por lá, diariamente, 160 mil franceses vão sobre duas rodas para o trabalho ou a escola, através de um sistema batizado de Velib. A população parisiense faz uma espécie de aluguel de bicicleta por um dia, uma semana ou um mês para circular nos cerca de 400 quilômetros de ciclovias, que estão integrados aos outros transportes públicos. “É extraordinário. Não é poluente, estimula a saúde com a prática de exercícios físicos e é amigável ao bolso do mais pobre”, comentou o governador fluminense, que pretende implantar um modelo similar em algumas cidades do seu Estado. A óbvia preocupação com a possibilidade de roubos não incomoda Cabral. “As bicicletas terão aparelhos de GPS”, explicou, referindo-se à tecnologia de localização por satélite.
NA RUA O governador pedala com autoridades francesas
A cidade do Rio de Janeiro tem 150 quilômetros de ciclovias e o prefeito Cesar Maia já deu a largada para aproveitar essas instalações. “No nosso caso a licitação já está pronta. Foi prépublicada dois meses atrás e aperfeiçoada, pois combina serviço e publicidade”, explica Maia. Também as cidades de Niterói, Resende e Volta Redonda vão adotar sistema similar. A mais adiantada é Niterói, que já licitou o serviço cuja concessão foi entregue à empresa Clear Channel. O trecho coberto, no entanto, ainda é pequeno. Para implantar a idéia em outras cidades, o governo estadual conseguiu no Banco Interamericano de Desenvolvimento um financiamento de US$ 600 mil para o projeto “Rio, Estado da Bicicleta”. Serão construídos vários pontos onde os usuários poderão ter acesso ao serviço através de um bilhete único, que servirá também para ônibus, trem ou metrô. “A idéia é integrar cada vez mais”, adianta Cabral.
Apesar do otimismo que cerca a iniciativa, algumas barreiras deverão ser transpostas para que o projeto dê certo. “É preciso mudar a cultura que valoriza o carro acima de tudo e coloca a bicicleta como um transporte de pobre ou maluco”, diz Bill Presada, presidente da comissão de bicicletas da Associação Nacional de Transportes Públicos e da ONG Bike Brasil. Além disso, Presada destaca a necessidade de instalações adequadas. “A maioria dos prédios e espaços públicos não tem lugar para estacionar esse meio de transporte”, lembra. Dificuldades desse tipo são comuns sempre que uma nova idéia é implantada. Resta saber se, para além do entusiasmo inicial, os governantes vão realmente conseguir tirar a idéia do papel.