Se William Shakespeare vivesse hoje, Succession seria sua série favorita. Além de ter como inspiração uma de suas obras-primas, Rei Lear, a sarcástica tragédia com pitadas de comédia criada pelo britânico Jesse Armstrong agradaria em cheio ao gosto do bardo inglês. Quem não conhece a referência à história shakespeariana, em que o monarca enlouquece após ser traído pelas filhas, pode se entreter com uma comparação mais atual: o personagem Logan Roy tem muito em comum com Rupert Murdoch, bilionário proprietário da Fox News. Assim como o australiano, o protagonista é dono de um império de mídia e enfrenta problemas para escolher seu sucessor. A decisão sobre o futuro da empresa será sacramentada na quarta temporada do seriado, que estreia agora na HBO Max. Segundo Armstrong, será a última: “Nunca pensei que pudesse durar para sempre. O fim sempre esteve presente em minha mente”, afirmou. A família Roy está em guerra porque o patriarca, interpretado magistralmente por Brian Cox, quer vender a companhia para um visionário da tecnologia, uma espécie de “Elon Musk da ficção”. Seus filhos, Kendall (Jeremy Strong), Siobhan (Sarah Snook), Roman (Kieran Culkin, irmão de Macaulay Culkin) e Connor (Alan Ruk), são contra, porque sabem que verão suas fortunas diluídas e seus poderes, reduzidos. Quem vencerá? Shakespeare estaria ansioso para saber.

Um premiado roteirista britânico

DAVID LIVINGSTON

Formado em jornalismo na Universidade de Manchester, Jesse Armstrong passou a se dedicar ao audiovisual no início dos anos 2000. Dez anos depois veio o reconhecimento: seu roteiro de Conversa Truncada foi indicado ao Oscar. O sucesso mundial, porém, chegou com Succession, que estreou em 2018. Armstrong venceu o Emmy, o Oscar da TV, em duas das três disputas às quais concorreu – e tem tudo para ser o favorito novamente em 2024.