A astronomia tem como principal desafio descobrir se é possível viver fora do planeta Terra; viajará oito anos até chegar às proximidades do gigante gasoso, onde orbitará as três luas geladas. A Agência Espacial Europeia (ESA) está prestes a lançar sua primeira missão não tripulada a Júpiter – e será a mais ousada já despachada para o estudo do maior planeta do Sistema Solar. A Jupiter Icy Moons Explorer, ou apenas Juice, lembra grandes missões da Nasa, compostas de espaçonaves caríssimas transportando um conjunto completo de instrumentos para fazer todo tipo de observação. Tudo isso ao custo de 1,5 bilhão de euros (cerca de R$ 8,15 bilhões).

Seus objetivos principais são fazer uma caracterização completa do planeta que tem massa 318 vezes maior do que a da Terra e um estudo pormenorizado de três das suas quatro maiores luas: Europa, Ganimedes e Calisto. Há fortes indícios de que ao menos as duas primeiras, mas possivelmente todas as três, são luas-oceano, ou seja, possuem oceanos de água salgada sob suas crostas congeladas. “Provavelmente abaixo de uma camada gelada bem espessa, você tem um oceano líquido e, por ter essas condições, provavelmente também tenha compostos orgânicos na superfície com um potencial para o desenvolvimento de vida. Esse é o grande foco dessa missão”, explica o professor do Instituto de Geociências da UNICAMP, Álvaro Crosta.

A sonda europeia Juice já foi encapsulada e colocada no topo do foguete Ariane 5, que deve levá-la ao espaço, a partir do centro de Kourou, operado pela ESA na Guiana Francesa.

Júpiter fica, dependendo da movimentação planetária, entre 628 e 920 milhões de quilômetros de distância da Terra. Em linha reta, a sonda mais rápida terrestre levaria 306 dias para cumprir a distância.

Mas esta jornada envolverá o uso da gravidade da Lua, da Terra e de Vênus, que ajudarão a gerar propulsão para o restante da viagem, chegando por lá apenas em julho de 2031, quando se tornará a primeira missão não estadunidense a explorar o maior planeta do Sistema Solar. Ao fim da missão, a sonda realizará uma queda controlada em Ganimedes, a maior lua do Sistema Solar. Essa será a primeira vez que um veículo terrestre orbitará satélites naturais de outros planetas.