07/07/2023 - 8:00
A inelegibilidade de oito anos para Bolsonaro saiu barata. Pelo que tramou contra as instituições, pregando um golpe às claras, deveria ser banido de vez do processo democrático. Mas como a democracia permite que até um pária como ele possa retornar ao jogo da disputa eleitoral após o cumprimento de uma sentença judicial, é provável que ele volte a concorrer a um cargo eletivo. Isso, porém, se até 2030, quando poderá ter seu nome inserido novamente nas urnas eletrônicas que ele tanto detesta, não venha a ser condenado na Justiça e acumule sentenças que o torne ficha suja. Pior: tudo indica que ele pode ser sentenciado a pelo menos 92 anos de prisão, tornando-se totalmente inapto a concorrer em eleições. O mais provável é que passe o resto da vida na Papuda, a penitenciária mais emblemática do Distrito Federal.
Nos bastidores do Poder Judiciário já circulam informações de que o ex-presidente, e possivelmente seus filhos e seguidores fiéis, deverão ser condenados ainda este ano em decorrência dos processos do STF que investigam os atos antidemocráticos, incluindo os ataques no oito de janeiro às sedes dos Três Poderes, em Brasília. Bolsonaro deverá responder por prevaricação, dano ao patrimônio, organização criminosa e crime contra a segurança nacional. Somente esses crimes poderão lhe penalizar em 18 anos de detenção.
Há ainda inquéritos por vazamento de dados sigilosos da PF, com pena de quatro anos e divulgação de noticiais falsas, que inclui organização criminosa. Essa transgressão pode lhe render outros 12 anos de cadeia. Há também denúncias por interferência na PF, nas quais é acusado de obstrução de Justiça, com pena de outros oito anos de detenção.
A lista de malfeitos do ex-presidente é tão grande que a apropriação de joias sauditas o jogam na vala comum dos delitos de corrupção, peculato, advocacia administrativa e descaminho. Por esses crimes, as penas somadas são as mais pesadas: 28 anos de cadeia. São inúmeras as provas de que ele tentou desviar para seu patrimônio pessoal as joias dadas ao governo. A participação nesses delitos de seu ajudante de ordens, o coronel Mauro Cid, também não deixa dúvidas de que o capitão está envolvido até o pescoço nessas falcatruas. Isso sem falar no processo de falsificação dos atestados de vacinas.
Por falar em vacinas, talvez estejam aqui as mais diversas barbaridades cometidas pelo ex-mandatário. Ainda não saiu da memória dos brasileiros as piadas asquerosas que ele proferia em meio à tragédia da Covid. Enquanto mais de 4.500 pessoas morriam por dia, o ignóbil presidente imitava um doente sufocado pela síndrome respiratória. Sem contar os crimes cometidos ao se recusar a importar vacinas na hora certa, ao praticar o charlatanismo com a indicação da cloroquina, e uma série de outras iniquidades.