Eles só tinham medo de uma coisa: que o céu caísse sobre suas cabeças. Nem a possibilidade de envelhecer os amedrontava. Quarenta anos depois de publicado o primeiro álbum de René Goscinny e Albert Uderzo, os heróis gauleses continuam idênticos. Asterix e Obelix ainda se metem nas mais incríveis trapalhadas para afastar as tropas romanas das fronteiras de sua vila, última resistência celta em toda a Gália dominada. Desde 1996, no entanto, os fãs esperam por uma nova batalha. Pois ela acaba de chegar. No último dia 14 de março, as bancas européias foram invadidas por oito milhões de exemplares do 31º álbum da turma, Asterix e Latraviata, que será lançado no Brasil pela editora Record ainda este mês. Na trama, os leitores poderão conhecer as mães de Asterix e Obelix, empenhadas em arranjar esposas para seus filhos. Eles, por sua vez, terão de resistir aos encantos de Falbala – uma loira estonteante –, impostora enviada por César para fisgá-los. “É uma homenagem às mulheres gaulesas”, considera Uderzo.

Desde a morte do parceiro Goscinny, em 1977, o desenhista Albert Uderzo, 73 anos, assumiu também a função de escritor. “Não quis procurar alguém para substituí-lo. Tinha medo de que a interferência de uma terceira pessoa prejudicasse a caracterização dos personagens. E Goscinny é insubstituível”, registra o autor. Este é seu sétimo trabalho solo. Em 1989, ele inaugurou o parque temático Le Parc Asterix, 30 quilômetros ao norte de Paris. Lá, foram erguidas edificações idênticas às casas da lendária vila gaulesa. Brinquedos como uma montanha-russa em que o carrinho atinge 80 km/h e um navio gaulês atraem mais público do que a Eurodisney.

Sua última empreitada – a produção do longa-metragem Asterix contra César –, no entanto, foi considerada um fiasco pelos críticos, apesar da participação dos astros Gérard Depardieu e Roberto Benigni. Mesmo assim, já está programado para 2002 o lançamento de um novo filme baseado na história Asterix: missão Cleópatra. Conhecidas nos quatro cantos do mundo, traduzidas para 107 línguas e dialetos, suas aventuras ainda estão longe de acabar. Projetos de aposentadoria nem passam pela cabeça de Uderzo. Por Tutátis!.