Caxias supôs que mal adquirido prestígio de seu nome, com os imensos recursos de que o governo o rodeia, podia assombrar o Paraguai. A ilusão desfez-se em meio à terrível realidade. O exército de moedas com que pretendia, como sempre, vencer o inimigo tem desaparecido esterilmente, como esterilmente vai desaparecendo o exército que estúpida e desajeitadamente comanda (…). E em geral cada homem que morre é uma família que fica no desamparo e que tem para futuro a miséria e muitas vezes a prostituição. Estes generais assistem impassíveis aos gritos de agonia da Pátria, aos dolorosos gemidos que soltam as vítimas que vão fazendo por sua ignorância e covardia. (…)

Tomemos por exemplo o general que agora dirige (referindo-se a Caxias). Se a história da sua vida pública contemporânea não provasse a sua inaptidão para coisa alguma, os imensos recursos, o extraordinário prestígio que têm lhe dado, os meios de ação que lhe têm fornecido dando o exército e a esquadra, e uma cornucópia que despeja com abundância o ouro, as graças, as posições para premiar ao mérito e atrair os miseráveis e tirar alguma utilidade real pelo suborno que tão bem parecia manejar, tudo isto em frente à estúpida inanição em que têm estado em frente a um inimigo convicto de sua impotência e já fraco e abatido bastarão para prová-la. (…)

Mas o Marquês (Caxias) surge sem mérito no meio da sociedade em que vivemos, eleva-se triunfante e majestosamente acima dela assumindo por uma escala ascendente todas as posições as mais importantes do império, que só deviam pertencer e servir de passos aos homens de verdadeiro mérito e prestígio. E nessa ascensão que já o elevou à cúpula do edifício social (…), acompanham-no os votos de quase toda uma nação, os aplausos e a admiração dos homens mais ilustrados do país e ao mesmo tempo o próprio e esses próprios homens que o deram a conhecer-lhe a inaptidão, falam bem claro de sua falta de mérito. Nisso está a sua aberração. Que é dos feitos desse homem? (…) Que é de sua perspicácia? General pacificador por excelência o temos visto sempre à frente do inimigo ou dos revoltosos nos últimos paroxismos de sua resistência, já fracos e impotentes, tomar posição a distância respeitosa com a mão esquerda acenar-lhes de longe com a outra mão com as baionetas de que dispuser mas com a bolsa recheada, com o cofre das graças das posições oficiais, com o suborno, com a prostituição. Será devido a esta leveza de serviços, de mérito, de prestígio, que ele tem subido. É em virtude de uma lei física perfeitamente estabelecida que os corpos leves tomam sempre posições superiores.”