22/03/2006 - 10:00
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, mudou a posição e a direção do cavalo estampado há séculos no brasão de seu país. Fez isso por sugestão de sua filha, Rosinés, oito anos. Ela disse ao papai que não gostava do cavalo indo para a direita, mas olhando para trás. Foi o que bastou para Chávez tachar o eqüino de “símbolo reacionário”. E arrematou: “É um cavalo que alguém freou e olha para o passado.” É claro que a pequena Rosinés não entendeu absolutamente nada do palavreado político que ele disse, mas teve a sua vontade satisfeita: o cavalo, agora, está estampado como quem vai para a esquerda e olha para frente. Há quase oito anos como presidente da Venezuela, o coronel Chávez já mudou quase tudo no país – ao menos na aparência. E se faltava virar o cavalo, agora ele virou. Sob o seu comando já foi elaborada uma nova Constituição, o Senado foi extinto e o nome oficial do país foi alterado: desde 1999 é República Bolivariana de Venezuela, numa homenagem ao libertador Simón Bolívar.
Chávez conseguiu também que o Parlamento (inteiro a seu dispor) aprovasse na semana passada a Lei da Bandeira e do Brasão. No brasão, além de esquerdizar o eqüino e virar o seu pescoço, ele colocou armas indígenas – arco, flecha e machadinho. Na bandeira, acrescentou uma estrela às sete já existentes – a oitava representa a província de Guayana. “Uma revolução que se leve a sério deve ser acompanhada por uma nova iconografia”, diz o deputado Luis Tascón. Tudo bem, desde que Chávez também promova a democracia social e política no país e não se restrinja a flechas, estrelas e cavalos.