08/10/2003 - 10:00
Depois da densidade de autores como Clarice Lispector, Nelson Rodrigues e Bertolt Brecht e dos prêmios da APCA e da Panamco, a Companhia Delas de Teatro está em cartaz em São Paulo com uma comédia de costumes com tipos bem brasileiros: Burundanga – a revolta do baixo ventre. A trupe é composta apenas por atrizes, a peça foi escrita por Luís Alberto Abreu (traz no currículo a formação da Companhia Artes e Malas-artes) e é dirigida por Nelson Baskerville. Conta as peripécias de dois malandros bem ao estilo do herói popular Pedro Malazarte. A bagunça do enredo é refletida na montagem. O cenário, assinado pelo arquiteto Isay Weinfeld, é composto por 700 objetos, que vão de peças de camelô ao sofá dos badalados Irmãos Campana, e o figurino de Mira Haar destaca-se pelas cores fortes e pelas muitas perucas (Centro Cultural Vergueiro, às terças e quartas-feiras, às oito horas da noite).
ISTOÉ – Como as personagens foram construídas?
Baskerville – Adaptamos a popularesca Commedia Dell’Arte
italiana aos tipos nacionais como Mazzaropi e Jeca Tatu com
críticas ao descaso político.
ISTOÉ – Como foi dirigir um grupo só de atrizes?
Baskerville – Maravilhoso. É um teatro épico; portanto, não há verossimilhança com papéis masculinos ou femininos. Além do mais, essas mulheres trabalham como homens (risos).