Não foi fácil. A 6ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, que será aberta neste sábado 22 no
prédio da Fundação Bienal e segue até 11 de dezembro, quase sucumbiu
à falta de patrocinadores. “Alcançamos um milagre”, diz Gilberto Belleza, um dos curadores da mostra. A receita não ultrapassou os R$ 4 milhões, mas o arquiteto conclui que se chegou a uma “mostra bonita e bem feita” realizada pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) e pela Fundação Bienal de São Paulo. Batizada de Viver na cidade – arquitetura – realidade – utopia, a 6ª Bienal não se dispersará entre propostas de vanguarda e discussões técnicas. Quer é repetir o sucesso da anterior, em 2003, quando reuniu 200 mil pessoas, público muito superior aos 65 mil visitantes da badalada Bienal de Arquitetura de Veneza. E mais importante: dos 200 mil, 60% não eram arquitetos. Para cativar leigos, a Bienal será didática ao demonstrar como a arquitetura pode melhorar a vida nas grandes cidades.

O apelo visual para tanto será eloqüente. Quem percorrer os vastos 28 mil metros quadrados do prédio da Bienal – espaço que impressionou os expositores de 13 países – verá inúmeros protótipos de casas e grandes cenários montados pelos próprios arquitetos convidados – além de mais uma profusão de 500 maquetes. Mas não faltam figurões. A começar por Le Corbusier (1887-1965), um dos papas da moderna arquitetura. Estão expostos 37 obras do arquiteto franco-suíço, incluindo pinturas, desenhos, esculturas de temas variados e gravuras, entre elas as que se referem a uma de suas mais engenhosas e discutidas invenções: o modulor, sistema de medição baseado nas proporções humanas. Outro destaque será o finlandês Alvar Aalto (1898-1976), homenageado com a mostra especial que, embora contemple sua produção de designer que o tornou mais conhecido – com banquinhos e cadeiras de bétula, madeira amarfinada da Escandinávia e vasos de cristais –, privilegia suas casas, criadas em 50 anos de produção, sempre funcionais e aconchegantes em seu interior. Outras mostras especiais e a presença de profissionais celebrados em todo o mundo – o americano Richard Meier é um deles – conferem a ansiada envergadura internacional à mostra. Seu tema principal é a senha para abrigar ainda as experiências arquitetônicas mais radicais e alternativas do planeta. Restrições? “Falo de boca cheia, não teremos nenhum edifício neo-clássico exposto”, diz Belleza. Até a arquitetura de resultados tem seus limites.