Se o critério for científico, ele é lamentável. Se o critério for o de reserva de mercado, ele é antiético. Trata-se das providências que o Conselho Federal de Medicina tomou em relação a médicos cubanos que atuam no Tocantins (através do CRM desse Estado). O objetivo foi o de impedir que esses médicos continuassem atendendo cerca de 700 mil pessoas carentes em 39 municípios. Sem eles, pelo menos três hospitais podem fechar as portas porque não há médico brasileiro que saia dos grandes centros e vá atender gente pobre naquela região (uma das campeãs em doenças infecto-contagiosas). Na quinta-feira 14 a 1ª Vara da Justiça Federal de Tocantins concedeu liminar impedindo a atuação dos especialistas cubanos. Pelo menos 71 deles tiveram de interromper imediatamente as suas atividades sob pena de terem de pagar R$ 2 mil diários de multa. É antiético o CRM impedir o médico de atender somente porque ele não é brasileiro (a ética manda pensar nos doentes). É lamentável não reconhecer que Cuba possui hoje uma das melhores medicinas da América Latina. O convênio do governo cubano com o Tocantins é anterior à gestão Lula: já vigora há mais de nove anos.