Um cara marca um encontro com uma garota no cinema e, como naquela antiga música de Luiz Melodia, ela não aparece. Nunca mais se falam. Quinze anos depois, reencontram-se. Se pudesse ser resumido numa sinopse insossa, este seria o enredo de Amores possíveis (2000), de Sandra Werneck. Mas a comédia romântica, passada num Rio de Janeiro cheio de luminosidade, tem uma trama difícil de ser reduzida em poucas linhas. Primeiro porque o cara e a garota, no caso, são três. Apesar de terem o mesmo nome – Carlos e Júlia – e de serem interpretados pelos mesmos atores – Murilo Benício e Carolina Ferraz.

Na primeira história, Carlos é um advogado famoso, marido de Maria (Beth Goulart), com quem vive uma relação morna, abalada pelo aparecimento da paixão do passado. O Carlos 2 é um gay que abandonou a mulher, Júlia, e o filho, Lucas – que vê nos fins de semana –, para viver com outro homem. Mais imaturo de todos, o Carlos 3 é um típico garotão carioca que busca a mulher ideal por não conseguir sair das amarras de uma paixão edipiana pela mãe, d. Sônia (Irene Ravache). Dito desta forma, parece que se trata de um filme em episódios. Mas o roteiro bem arquitetado de Paulo Halm mistura as histórias com habilidade, provocando paralelos interessantes. Numa ótima atuação, Benício consegue marcar a personalidade de cada um dos personagens, contribuindo para a unidade do filme.