10/09/2008 - 10:00
O sol brilhando diante de um oceano azul-turquesa. A maresia embalando passeios pela orla. Festas, drinques coloridos e afrodisíacos, restaurantes aconchegantes, luau na praia. As cenas são tão românticas que causam arrepios de aflição em solteiros. Quem quer se ver sozinho no meio do paraíso, cercado de casais ou famílias? Mas, como o sol nasce para todos, entre 24 e 28 de setembro, a Costa do Sauípe vai ser sede do 1º Encontro Internacional de Solteiros, em que pelo menos 500 pessoas de diferentes países vão passar cinco dias em um pedaço idílico da costa da Bahia, para conhecer gente com interesses comuns, paquerar, ou, simplesmente, tirar alguns dias de folga. O passeio é apenas um exemplo do turismo single, segmento que cresce no mundo todo, inclusive no Brasil.
Nesses eventos, a regra é viajar desacompanhado. Não necessariamente para procurar um parceiro, mas para fazer novas amizades em um ambiente em que todos possam se divertir à vontade. “O solteiro tem dois problemas ao viajar: pagar mais, porque não tem com quem compartilhar o apartamento, e não se enturmar, caso caia num grupo de casais, por exemplo”, explica Yolanda de Oliveira, diretora da Terrazul Turismo, agência especializada do setor. “Aí, o passeio, que era para ser dos sonhos, vira um inferno.” A Terrazul oferece pelo menos quatro viagens por mês para cerca de 500 solteiros. “Para agradar a esse público, incluímos mais baladas, festas temáticas e muito mais atividades. Como está todo mundo sozinho, temos que proporcionar situações em que eles possam se conhecer”, diz Yolanda.
Se durante o dia a programação não difere muito da das agências e cruzeiros convencionais, as noites são embaladas por profissionais que vão direto ao gosto de um público bem específico. “Já sou DJ nesse tipo de viagem há uns quatro anos”, conta Johnny Bernardo, 33 anos. O microempresário na área de eventos gosta tanto do ambiente e das pessoas que, quando não está trabalhando, vai a passeio. “Perdi as contas de quantas viagens já fiz com os solteiros. Em todas, você faz amigos”, diz Bernardo. O público, de perfil bastante homogêneo, tem escolaridade de nível superior, faixa etária entre 30 e 50 anos e pertence às classes A e B.
À primeira vista, pode parecer que homens e mulheres procurem esse tipo de passeio apenas para achar um companheiro, mas os freqüentadores juram que, se a pessoa for só com esse objetivo, ficará frustrada. O empresário Ricardo Meirelles, 38 anos, que já foi a seis deles, procurou o turismo single depois de se separar. “Fui com receio, não sabia o que iria encontrar, mas me surpreendi positivamente. Para quem está sozinho é maravilhoso, tem lazer o dia inteiro, você volta aos 20 anos, pode virar a noite dançando, se divertindo”, afirma. “O bacana é que todos estão abertos a conversar, instantaneamente. Você volta cheio de amigos.” A dentista Cláudia Alves, 35 anos, que já participou de três e está tentando organizar a agenda para poder ir ao 1º Encontro Internacional de Solteiros, na Costa do Sauípe, já se pegou perguntando o que vai fazer quando arrumar um namorado. “Porque tira o clima dos outros, né? O pessoal prefere que a turma seja só de solteiros”, explica a dentista.
Isso não quer dizer que não haja espaço para a paquera. Quando a agência de cruzeiros Sun & Sea estreou sua primeira viagem para singles, há cinco anos, fez um evento temático para quebrar o gelo. “Durante a festa Night Traffic Light (sinal de trânsito noturno), as pessoas usavam pulseiras verdes, amarelas ou vermelhas, para indicar qual sua disponibilidade para conversar. Foi um sucesso”, lembra Ricardo Amaral, diretor de marketing da Sun & Sea. A diversão pode ser garantida, mas é também um pouco salgada. Os preços do passeio à Costa do Sauípe, por exemplo, variam entre R$ 1.548 e R$ 2.324 por pessoa. Solteira.