27/10/2004 - 10:00
Feito ao baixo custo de R$ 1,5 milhão, Bicho de sete cabeças (2001), da paulistana Laís Bodansky, revelou o talento de Rodrigo Santoro, que antes das filmagens era conhecido pela sua participação na minissérie global Hilda Furacão. O ator fluminense se empenhou tanto no papel de Neto – estudante que é internado pela família num hospital psiquiátrico depois de ser encontrado com um cigarro de maconha – que ganhou o prêmio de melhor ator no Festival de Brasília de Cinema Brasileiro. Mas outros atores também se destacam no drama que denuncia os horrores do sistema manicomial. Entre eles Caco Ciocler, que interpreta Rogério, viciado em drogas injetáveis, e Gero Camilo, que encarna o louquinho Ceará. Neto fica amigo dos dois na primeira internação, quando passa por sessões de choque elétrico e é entupido por coquetéis de sedativos. Sua história foi baseada numa tragédia real, vivida pelo escritor paranaense Austregésilo Carrano, que a contou no livro O canto dos malditos. Bastou uma leitura do relato autobiográfico para Laís decidir fazer da história um filme de impacto. Basicamente rodado com a câmera na mão, o que lhe confere um clima tenso e urgente, Bicho de sete cabeças usou como cenário dois hospitais desativados de São Paulo. Seus atores figurantes passaram por uma preparação especial, o que lhes faz parecer internos de verdade. É um grande exemplo de um cinema jovem, comprometido ao máximo com a realidade social.